quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

O egoísmo

José Argemiro da Silveira

de Ribeirão Preto, SP

“A estes doze enviou Jesus, dando-lhes as seguintes ordens: Não vos desvieis para a estrada das nações, e não entreis em cidade samaritana; mas ide antes continuamente às ovelhas perdidas da casa de Israel” - Mateus, cap. 10, vs. 5 e 6

Chama a atenção o fato de Jesus recomendar aos discípulos “não pegarem a estrada das nações”, em outras versões consta a instrução “para não irem aos gentios”. Acrescenta - “não entreis em cidade samaritana”. Por que a preferência para “as ovelhas perdidas da casa de Israel?” Há quem entenda que Israel era o povo escolhido e por isso tinha a preferência. Mas se Jesus, em outra parte do evangelho afirma que “das ovelhas que o Pai Lhe confiou nenhuma se perderá”, e sabemos que essas “ovelhas” são a humanidade inteira; e ainda Ele prevê que haverá “um só rebanho e um só pastor”, como entender o texto citado de início?

Certamente, no início da tarefa dos apóstolos eles ainda não estavam preparados para divulgar os ensinos em outras nações, onde, por certo, as dificuldades seriam maiores. Era necessário um preparo, um treinamento, e para isso era preciso começar “pelas ovelhas perdidas da casa de Israel”, ou seja, em suas próprias cidades, onde havia melhores possibilidades de êxito. Mais tarde, Jesus chama Paulo de Tarso, na estrada de Damasco. Paulo recebe a tarefa de ir aos gentios, tarefa difícil, mas ele estava preparado. Conhecia bem a Lei, sabia falar vários idiomas, estava preparado para a missão.

Isto nos leva a refletir que, para realizar tarefas importantes, precisamos nos preparar devidamente, Se não estamos em condições de realizar trabalhos de maior vulto, devemos realizar os encargos menores, mais compatíveis com nossas possibilidades, enquanto vamos nos exercitando para, um dia, desenvolver trabalhos de mais significado. Se estou com minha caneca vazia, não consigo dar de beber ao meu próximo. Se ainda não consegui certo equilíbrio, harmonia interior, convicção no que creio e falo, como passar uma mensagem de esperança, de confiança e de bom ânimo ao meu semelhante? As pessoas demonstram dificuldades para os trabalhos pequenos, os chamados “servicinhos”, e que são muito importantes. E todos temos uma tarefa importante, difícil, que é vencer a nós mesmos. Nossas paixões inferiores, o melindre, a dificuldade de relacionamento, o orgulho, o egoísmo. Na verdade, nossa tarefa mais importante, e mais difícil, é nossa própria transformação para melhor. Mudar a nós mesmos, afeiçoando-nos aos ensinos que já aceitamos teoricamente, esse o trabalho difícil. Primeiro requer humildade para reconhecer que precisamos mudar. Se o doente não se reconhece como tal, não procura o médico. Conseqüente, não se trata, e a enfermidade não é debelada. Ensinamento muito claro do Espiritismo é este: Todos necessitamos de evolução espiritual, subir os degraus da escada do progresso. Estamos num mundo pouco evoluído, e somos Espíritos que estamos muito longe dos patamares mais elevados da escala espiritual. Entretanto, mesmo com a clareza dos ensinamentos, muitos, ao que parece, se julgam sábios e bons, senão perfeitos, pelo menos quase. Ouvíamos há poucos dias uma irmã, espírita, que conhece a Doutrina, mas não participa de nenhum grupo de trabalho, não frequenta centro espírita, porque os dirigentes, os expositores, os que militam na Doutrina, no entender dela, não estão em condições de divulgarem os ensinamentos, A pessoa exige perfeição dos outros, mas não reflete que ela também carrega imperfeições. Se quero chegar a um determinado ponto de uma cidade que não conheço, e se peço informação a alguém, por telefone, para que ela possa me orientar, necessito dizer a ela onde me encontro. Se eu não sei onde estou, fica difícil o outro me ensinar o caminho. Se não reconheço minhas necessidades evolutivas, fica difícil realizar mudanças no meu íntimo. A subida da escada evolutiva é difícil porque além de nossas limitações, da bagagem que trazemos do passado (o inconsciente?), recebemos as influências do meio em que atuamos, influências negativas porque a maioria também é pouco espiritualizada. Essa influência, como sabemos, vem não só dos companheiros de jornada terrena, mas também do plano espiritual. Para vencermos os leões do orgulho e do egoísmo temos que travar verdadeira batalha conosco mesmo. Certa feita alguém perguntou ao Francisco C. Xavier se ele temia alguma coisa e ele respondeu que sim. Temia os monstros que temos de vencer e que estão em nós mesmos: são as paixões inferiores. As tentações do mundo existem porque encontram ressonância em nós. Na pergunta 913 de O Livro dos Espíritos, Kardec indaga qual o vício mais radical, isto é, que tem mais raízes, e conseqüentemente mais difícil de ser erradicado. Resposta: o egoísmo. E como combater o egoísmo? Atacando os filhos dele, ou seja, a impaciência, o desejo de privilégios, o melindre, a intolerância, a dificuldade de aceitar as outras pessoas como são. Devemos entrar na fila como todos, sem disputar tratamentos especiais, não nos consideramos melhores, nem mais sábios do que os outros. “Saber que não sabemos”, conforme falou o sábio da antiguidade. Se sabemos um pouquinho, isto é quase nada face ao muito que ainda precisamos saber. Os instrutores espirituais ensinam que, para combater o egoísmo, devemos cultivar as virtudes opostas a ele, ou seja, o altruísmo, o desapego, a humildade, a tolerância. Aprendendo a amar estaremos combatendo o egoísmo. Necessário perseverança, continuidade do esforço, paulatinamente, como uma escada que se sobre degrau a degrau. Façamos como ensina Santo Agostinho: levantamentos diários, para verificar se estamos melhorando. Lembra André Luiz: “O dever do espírita é tornar-se progressivamente melhor. Útil, assim, verificar, de quando em quando, com rigoroso exame pessoal, a nossa verdadeira situação íntima. Espírita que não progride durante três anos sucessivos permanece estacionário” (Opinião Espírita, cap. 1)

(Jornal Verdade e Luz Nº 192 Janeiro de 2002)

Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/verdade-e-luz/o-egoismo.html


A saúde pode ser afetada pela obsessão?

Orson Peter Carrara

Desafio está em conhecer origem dos casos

Uma interessante matéria publicada por Allan Kardec na Revista Espírita (1) utiliza a expressão loucura obsessional. O texto, que recomendamos aos leitores, é um estudo sobre os Possessos de Morzine, uma localidade em determinada região francesa, alvo de carta endereçada ao Codificador pelo capitão B. (membro da Sociedade Espírita de Paris e naquele momento radicado na cidade de Anecy). Allan Kardec publicou a carta na edição de abril (2), seguida de instruções dos espíritos Georges e Erasto e ainda acrescentou lúcido comentário sobre a questão. Depois na edição de dezembro (3) voltou ao assunto, desdobrando-o em bem argumentada análise.

Trata-se de uma obsessão coletiva que atingiu toda uma coletividade e Kardec usa nas duas edições referidas toda a lógica da Doutrina Espírita para explicar a questão da natureza dos espíritos e sua permanente influência junto à humanidade através do perispírito e da mediunidade. Porém, abre importante caminho no entendimento da enfermidade classificada como loucura e acrescenta que “(...) Ao lado de todas as variedades de loucura patológica, convém, pois, acrescentar a loucura obsessional (...)” E acrescenta: “Mas como poderá um médico materialista estabelecer essa diferença ou, mesmo admiti-la? (...)” (1).

A questão suscita observações interessantes sobre a saúde mental. Ocorre que é grande o número de pessoas consideradas como lesionadas no cérebro e portanto internadas em hospitais psiquiátricos ou em tratamento mental ou psicológico, quando na verdade estão apenas sob forte influência de espíritos que agem ainda com ódio premeditado ou mesmo atuam inconscientemente. Claro que há, e isto ninguém contesta, os que podem ser considerados vítimas de lesões cerebrais irreversíveis com indicações claras de tratamentos ou internações inadiáveis. Mas, a influência perniciosa de um espírito desequilibrado e “que não passou de acidental, por vezes toma um caráter de permanência quando o Espírito é mau, porque para ele o indivíduo se torna verdadeira vítima, à qual ele pode dar a aparência de verdadeira loucura. Dizemos aparência, porque a loucura propriamente dita sempre resulta de uma alteração dos órgãos cerebrais (...) Não há, pois, loucura real, mas aparente, contra a qual os remédios da terapêutica são inoperantes, como o prova a experiência (...)” (1), conforme acentua o Codificador.

Como sabem os estudiosos da Doutrina Espírita, a obsessão é capítulo importante no relacionamento entre encarnados e desencarnados, tendo inclusive merecido capítulo específico em O Livro dos Médiuns (4) e como destacado pelo próprio Codificador o desafio está em enfrentar esta loucura aparente – pois não há lesões cerebrais –, causada pela presença e influência de espíritos maus e perversos, que constrange e/ou paralisa a vontade e a razão de sua vítima, fazendo-a pensar, falar e agir por ele, levando-a a atos e posturas extravagantes ou ridículas. Considere-se que estamos num planeta ainda dominado pelo egoísmo, onde a maioria das criaturas que o habitam – estejam encarnados ou desencarnados – estão envolvidas com interesses mesquinhos e sem finalidades educativas ou de aperfeiçoamento. E fica fácil, então, imaginar o mundo invisível formando inumerável população que forma a atmosfera moral do planeta, caracterizado pela inferioridade das lutas mundanas e dos interesses que o egoísmo, a vaidade, o orgulho ou a inveja podem criar. Para resistir a tudo isso, usando palavras do próprio Kardec, “são necessários temperamentos morais dotados de grande vigor”.(5)

E é interessante notar que, conforme ponderações do próprio Kardec (6), “(...) a ignorância, a fraqueza das faculdades, a falta de cultura intelectual” oferecem mais condições de assédio aos espíritos imperfeitos que tentam e muitas vezes conseguem dominar as criaturas humanas através do real fenômeno da obsessão, tantas vezes confundido como loucura ou lesões no cérebro.Diante desse quadro todo, percebe-se claramente a importância do estudo e da divulgação espírita perante todas as classes de indivíduos do planeta. Nesta área da saúde, o Espiritismo vem esclarecer a obscura questão das doenças mentais, apresentando uma causa que não era considerada e constitui perigo real evidente, provado pela experiência e pela observação: o da obsessão ou influência dos espíritos sobre os seres humanos.

(1) Dezembro de 1862, páginas 360, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.

(2) Abril de 1862, páginas 107/108, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.

(3) Dezembro de 1862, páginas 360 a 365, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.

(4) Capítulo XXIII.

(5) página 356 da edição de Dezembro de 1862 da Revista Espírita, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.

(6) Abril de 1862 da Revista Espírita, página 111, edição EDICEL, tradução de Júlio Abreu Filho.

Matéria publicada originariamente no jornal O CLARIM, edição de dezembro de 2004.

Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/orson/a-saude-pode-ser-afetada.html


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Solidariedade

Enéas Martim Canhadas
Estava fazendo minha caminhada habitual pela avenida Sumaré, quando um filhote de cão, talvez de uns 40 dias de vida, se tanto, abandonado ali na Praça Irmãos Karman, veio para a beira da calçada e logo, o seu focinho curioso fez com que ele descesse até o asfalto. Olhava a cena, enquanto o meu coração acelerava, prestes a ver, e ao mesmo tempo não querendo ver, um acontecimento impiedoso e quase certo. Os carros passavam à velocidade normal permitida ali, e o cãozinho iria virar carne moída dentro de pouco tempo. Arriscando-me por entre alguns carros que até diminuíram a marcha e outros tantos passando direto, com cuidado fui me aproximando do animal, receoso pelo trânsito que não parava. O cãozinho já estava quase no meio da avenida, totalmente indefeso e correndo um risco total, mesmo porque ele poderia ser morto até por não ser visto pelos motoristas.
Nesse momento, um Sr. Marronzinho que acompanhava toda a cena veio do outro lado e com mais autoridade, foi parando o trânsito até que peguei o filhote e, juntos fomos para a praça em lugar seguro. Perguntávamos um para o outro quem teria abandonado aquele cãozinho ali e como poderíamos cuidar do destino dele.
Nesse mesmo momento, veio do outro lado da rua uma senhora fina e elegante, trajando um conjunto de cores muito bem combinadas que, tomando o cãozinho no colo, disse poder levá-lo para a sua veterinária de confiança que o doaria a alguém, isto é, se não quiséssemos levá-lo. Perguntou a mim e ao Sr. Marronzinho se estávamos interessados em adotar o bichinho. Ele explicou que estava em serviço, senão poderia até levá-lo. Eu perdera há pouco tempo o meu cão pastor com 11 anos de idade, fiel amigo de tantas caminhadas e que me fez adquirir o saudável hábito de caminhar pelas ruas e avenidas do meu bairro. Ainda com o coração doendo, não queria adotar nenhum cão, pelo menos, não por enquanto.
Uma outra jovem senhora, simples e sorridente, carinhosa, logo pegou o cãozinho e segurando-o contra o peito, dizia que desejava muito levá-lo mas o problema é que não tinha espaço em sua casa. A senhora elegante, gentil e educada insistiu para que ela levasse o cãozinho. Praticamente havia tomado a decisão pela jovem que titubeava em adotar o animal. Logo se preocupou em como poderia arranjar uma maneira de transportá-lo até sua casa. Prontamente, um motorista do ponto de táxi próximo, disse que deveria ter um pedaço de pano no porta-malas do seu carro e afirmou que a banca de jornal do outro lado da rua, com certeza, poderia arrumar uma sacola plástica que permitiria carregar o filhote.
Assim fora resolvida a situação encaminhando a história para um final feliz. Um cuidado daqui, uma atenção dali, várias pessoas juntamente buscando solucionar aquele problema, para que o animalzinho fosse rapidamente adotado e, a partir daquele dia, tivesse um lar.
Logo depois voltei para a minha caminhada, tocado por aquele acontecimento e como, do nada, várias pessoas surgiram, prontas e bem intencionadas para por em uso a sua bondade, a sua compaixão e num gesto muito espontâneo e simples de solidariedade, providenciar uma casa e um destino para o filhote.
Hoje, quando me lembro da cena, não consigo deixar de pensar como ser solidário é um gesto simples. Não tem regras, não precisa de normas nem de campanhas, não precisamos de nos fazer muitas perguntas a respeito. Basta praticar o ato. Sim, como uma coisa muito natural. Tão natural como o samaritano que socorreu o homem caído à beira da estrada e ainda o levou a uma estalagem, onde pudesse receber tratamento e remédios, deixando até dinheiro para pagar as despesas daquele homem, de quem o samaritano nem sabia o nome ou a procedência, nem que pessoa seria, nem dos seus princípios morais, nem de suas convicções religiosas. Foi um ato tão completo e espontâneo como se o mundo, de fato, não tivesse divisão de países com suas fronteiras, em que as nações falassem uma mesma língua e sem religiões, os seres humanos não estariam enclausurados em suas convicções morais, defendendo este ou aquele princípio, e até mesmo defendendo deuses próprios, supostamente melhores do que outros, como os combates na antiguidade, onde as guerras que os seres humanos travavam eram também guerras entre deuses.
Como já disse, de vez em quando sou tomado pelas lembranças do fato, sinto-me então solidário e um pouco melhor do que normalmente sou. Mas sinto também que, quando um fato como este não está tão forte e presente na minha mente, não me vejo tão naturalmente bom, nem tão espontaneamente disposto a praticar o bem por mais simples que seja. Me lembrei do ensinamento de Aristóteles escrevendo em Ética a Nicômaco: “as virtudes são pois, de duas espécies, a intelectual e a moral, a primeira, por via de regra, gera-se e cresce graças ao ensino – por isso, requer experiência e tempo; enquanto a virtude moral é adquirida em resultado do hábito. Não é pois por natureza, nem contrariando a natureza que as virtudes se geram em nós. Diga-se, antes, que somos adaptados por natureza a recebê-las e nos tornamos perfeitos pelo hábito.”
Sempre me pego pensando, o quanto ainda devo praticar para adquirir o hábito...
 03/06/2003

Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/eneas-canhadas/solidariedade.html


MEDICINA RECONHECE OBSESSÃO ESPIRITUAL

Dr. Sérgio Felipe de Oliveira com a palavra:

Ouvir vozes e ver espíritos não é motivo para tomar remédio de faixa preta pelo resto da vida… Até que enfim as mentes materialistas estão se abrindo para a Nova Era; para aqueles que queiram acordar, boa viagem, para os que preferem ainda não mudar de opinião, boa viagem também…

Uma nova postura da medicina frente aos desafios da espiritualidade

Vejam que interessante a palestra sobre a glândula pineal do Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico psiquiatra que coordena a cadeira de Medicina e Espiritualidade na USP:

A obsessão espiritual como doença da alma, já é reconhecida pela Medicina. Em artigos anteriores, escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do Ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma, do espírito. No entanto, quero retificar, atualizar os leitores de meus artigos com essa informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social. Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo em sua totalidade:

Mente, corpo e espírito

Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral:
Biológico, psicológico e espiritual.

Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado de transe, que é um item do CID – Código Internacional de Doenças – que permite o diagnóstico da interferência espiritual Obsessora.

O CID 10, item F.44.3 – define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio-ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença.

Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença.

Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos – nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão espiritual..

Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios.

O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria – DSM IV – alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.

Na Faculdade de Medicina DA USP, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico, que coordena a cadeira (hoje obrigatória) de Medicina e Espiritualidade.

Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas.

Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas.

Em minha prática clínica (também praticada por Ian Stevenson), a grande maioria dos pacientes, rotulados pelos psiquiatras de “psicóticos” por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos (clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o Ser Integral).

Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo.

*Enviado por Ana Luiza, colaboradora do site da CELC

Texto de Osvaldo Shimoda
Colaboração de CEECAL – Centro de Estudos Espírita Caminho da Luz:
http://ceecal.com/
Fonte: http://www.celc.org.br/blog/2013/01/medicina-reconhece-obsessao-espiritual


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Preces Pelos Desencarnados, Compartilho estas Preces aos Familiares e Amigos dos Irmãos que Desencarnaram em Santa Maria R.S



PRECES PELOS DESENCARNADOS
Por alguém que acaba de desencarnar.
59 Instrução Preliminar
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo 28 – pags. 299/300/301 – 4 Preces pelos desencarnados).
As preces pelos Espíritos que acabam de deixar a Terra não têm somente como objetivo dar-lhes um testemunho de simpatia; objetivam também ajudar no seu desligamento e, com isso, atenuar a perturbação que sempre se segue à separação e tornando-lhes mais calmo o despertar. Neste caso, porém, como em outras circunstâncias, a eficiência da prece está na sinceridade do pensamento, e não na quantidade de palavras ditas com maior ou menor vigor e, das quais, muitas vezes, o coração não toma nenhuma parte.
As preces que vêm do coração se fazem ouvir em torno do Espírito, cujas idéias ainda estão confusas, como vozes amigas que nos vêm despertar do sono. (Veja O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 27:10.)

Prece
Deus Todo-Poderoso, que vossa misericórdia se estenda sobre a alma de …, que acabais de chamar para vós.
Possam as provas que enfrentou na Terra lhe serem consideradas, e nossas preces suavizar e encurtar as penas que ele(a) ainda tenha que suportar na Espiritualidade!
Bons Espíritos que o(a) viestes receber e, principalmente, vós que sois seu anjo guardião, ajudai-o(a) a livrar-se da matéria; dai-lhe a luz e a consciência de si mesmo(a), a fim de tirá-lo(a) da perturbação que acontece quando da passagem da vida corporal à vida espiritual.
Inspirai-lhe o arrependimento das faltas que tenha cometido e o desejo que lhe seja permitido repará-las, para apressar seu adiantamento em direção à eterna bem-aventurança.
…, acabas de reentrar no mundo dos Espíritos e, apesar disso, estás aqui presente entre nós; tu nos vês e nos ouves, pois apenas deixaste o corpo material, que logo será reduzido a pó.
Deixaste a capa grosseira da carne, sujeita às adversidades e à morte, e apenas conservaste o corpo etéreo, imperecível e inacessível aos sofrimentos da Terra.
Já não vives mais pelo corpo, vives a vida do Espírito, e essa vida está isenta das misérias que afligem a Humanidade.
Não tens mais o véu que oculta aos nossos olhos os esplendores da vida futura.
Podes, agora, apreciar as novas maravilhas, ao passo que nós ainda estamos mergulhados nas trevas.
Vais percorrer o espaço e visitar os mundos com inteira liberdade, enquanto nós rastejaremos penosamente na Terra, onde nosso corpo material nos retém, semelhante para nós a um fardo pesado.
O horizonte do Infinito vai se desenrolar diante de ti e, na presença de tanta grandeza, compreenderás o vazio, o nada de nossos desejos terrenos, de nossas ambições materiais e das alegrias fúteis às quais os homens se entregam.
A morte é, para os homens, não mais do que uma separação material de alguns instantes.
Do exílio, onde ainda nos retêm a vontade de Deus e os deveres que temos a cumprir na Terra, nós te seguiremos pelo
pensamento, até o momento em que nos seja permitido nos reunirmos, como tu estás reunido com aqueles que te precederam.
Se não podemos ir até onde estás, tu podes vir até nós.
Vem, até os que te amam e que tu amas; ampara-os nas provas da vida; vela pelos que te são queridos.
Protege-os segundo o teu poder; suaviza-lhes os desgostos pelo pensamento de que estás mais feliz agora, e dando-lhes a consoladora certeza de que estarão um dia reunidos a ti num mundo melhor.
No mundo em que estás, todos os ressentimentos terrenos devem se extinguir.
Que possas, de agora em diante, para a tua felicidade futura, estar inacessível a isso!
Perdoa, pois, àqueles que não foram justos para contigo, como te perdoam aqueles junto aos quais procedeste mal.
Tratando-se de uma criança, o Espiritismo nos ensina que não é um Espírito de criação recente, mas um que já viveu e que pode já ser bem adiantado.
Se sua última existência foi curta, é que ela era apenas um complemento da prova, ou devia ser uma prova para os pais. (Veja nesta obra Cap. 5:21.)
Nota. Podem-se acrescentar a esta prece, que se aplica a todos, algumas palavras especiais segundo as circunstâncias particulares de família ou das relações, bem como a posição do falecido.

Prece(2) (outra)
(2) Esta prece foi ditada a um médium de Bordeaux, no momento em que passava, diante de suas janelas, o enterro de um desconhecido.
Senhor Todo-Poderoso, que vossa misericórdia se estenda sobre nosso irmão que acaba de deixar a Terra!
Que vossa luz brilhe a seus olhos!
Tirai-o das trevas; abri seus olhos e seus ouvidos!
Que vossos bons Espíritos o envolvam e lhe façam ouvir as palavras de paz e de esperança!
Senhor, por mais indignos que sejamos, ousamos implorar vossa misericordiosa indulgência em favor deste nosso irmão que acaba de ser chamado do exílio; fazei com que seu retorno seja o do filho pródigo.
Perdoai, meu Deus, as faltas que possa ter cometido, para vos lembrardes somente do bem que haja feito.
Vossa justiça é imutável, nós o sabemos, mas vosso amor é imenso.
Nós vos suplicamos para apaziguar a vossa justiça por essa fonte de bondade que emana de vós.
Que a luz se faça para vós, meu irmão, que acabais de deixar a Terra!
Que os bons Espíritos do Senhor desçam até vós, vos rodeiem e vos ajudem a sacudir as vossas correntes terrenas! Compreendei e vede a grandeza do Nosso Senhor: submetei-vos, sem murmurar, à sua justiça, mas não desacrediteis nunca da sua misericórdia.
Irmão! Que um sério exame do vosso passado vos abra as portas do futuro, ao vos fazer compreender as faltas que deixastes atrás de vós e o trabalho que vos resta fazer para repará-las!
Que Deus vos perdoe e que seus bons Espíritos vos sustentem e vos encorajem!
Vossos irmãos da Terra orarão por vós e vos pedem para orar por eles.

Fonte: http://www.refletindo.com.br/2011/03/02/preces-pelos-desencarnados/



ALCOOL - USO, ABUSO E CONSQUÊNCIAS


Além de ser considerado como o principal fator de risco para no Brasil, o uso do alcool (mesmo em doses moderadas, mas contínuas) também deforma o aspecto físico pessoal; além é claro da deformação moral, do aumento da violência.
Tolerada e muitas vezes incentivada, a indústria das bebidas, não divulga e ainda maquia, camufla as consequências físicas e morais.
O Governo da Escócia desenvolveu um aplicativo de celular que realiza uma simulação dos efeitos do alcool no visual de mulheres após dez anos.
Essa ação faz parte de uma campanha do Governo para incentivar as mulheres a beberem menos.
Ao mesmo tempo, o governo da Russia começou ontem, 10/01/2013, a restringir a venda de cerveja para diminuição do alcoolismo.
No Brasil, verão, carnaval e daí a publicidade desenfreada das marcas mais famosas vai incentivar ainda mais o consumo.
Acredito que seja momento de pensarmos em inibir a propaganda, da mesma forma que foi feita com o cigarro. Quem a 20 anos atrás imaginaria um mundo com menos fumaça?
Já iniciamos, é verdade, com lei e campanhas como a da lei seca.
Hoje podemos aspirar por um mundo sem ressaca, sem crimes relacionados ao uso e abuso de alcool, com menos acidentes e a consequente queda dos custos nos tratamentos das sequelas deixadas.
Claro, que apenas a renovação moral, poderá por fim extirpar esses e todos os outros vícios, mas por que nós não começamos já a trabalhar por um mundo melhor?
É necessário que o escândalo venha, porque, estando em expiação na Terra, os homens se punem a si mesmos pelo contacto de seus vícios, cujas primeiras vitimas são eles
próprios e cujos inconvenientes acabam por compreender. Quando estiverem cansados de sofrer devido ao mal, procurarão remédio no bem. A reação desses vícios serve, pois, ao
mesmo tempo, de castigo para uns e de provas para outros. E assim que do mal tira Deus o bem e que os próprios homens utilizam as coisas más ou as escórias.
O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VIII, item 14.

Fonte: http://www.redeamigoespirita.com.br/profiles/blogs/alcool-uso-abuso-e-consqu-ncias



Amar é caminho para saúde e felicidade

Aluney Elferr Albuquerque Silva

Curar as doenças do ser humano é algo que desafia incessantemente os homens de ciência, levando o homem da ciência a buscar anos a fio por uma terapia adequada para os mais variados tipos de enfermidades existentes e que ainda estão por vir.

Isto se dá de forma permanente, porquanto ao lograrem bons resultados terapêuticos frente a esta ou àquela enfermidade, logo outra surge pondo à prova a inteligência e a persistência desses homens dedicados a minorar o sofrimento alheio.

Todavia, aparece em nossos tempos, não que outrora não existisse, mas descoberto por nós, e de forma bem categórica, o grande efeito curador do amor, tornando-se a exteriorização desse sentimento uma autêntica panacéia no meio científico ( 1 ).

O mais interessante desse novo tipo de “medicamento terapêutico” é que ele não custa nada, pode ser ministrado por qualquer pessoa e se aplica com o paciente perto ou longe do seu curador. Já tendo sido realizado por médicos, a relação da enfermidade com a fé e a oração, que são cultivos do próprio potencial de amar de cada um.

Antes de curar com o amor, muitos médicos estudiosos do assunto chegaram à seguinte conclusão: quando se consegue que as pessoas curadoras amem a si mesmas, algumas coisas incrivelmente maravilhosas começam a acontecer, abrangendo não só o aspecto psicológico mas sobretudo o físico.

Ao tomar uma postura psicológica altamente positiva e altruísta, o mundo físico interior do paciente sofre também alteração semelhante, melhora, cura-se, reequilibra-se.

Necessário, assim, ao terapeuta induzir seus pacientes e a eles próprios a sentirem e expressarem o amor. Muito se tem visto a questão do relaxamento terapêutico que conduz o ser humano a esferas interiores, proporcionando a si mesmo momentos de tranqüilidade e de refazimento, moldando como conseqüência uma saúde mais plena, ou pelo menos o indício de tudo isso. E tem-se observado que o retorno do paciente após essas terapias, ele retorna bem mais tranqüilo, em comparação ao que havia iniciado. O seu tônus vibratório, pulsação, batimentos cardíacos são paulatinamente reequilibrados dando uma sensação de bem estar profundo.

Compete, antes de tudo, ao terapeuta, transmitir de forma persuasiva ao seu paciente que ele é amado pelo seu curador e que ele, doente, é criatura digna de ser amada, a atenção dada pelos profissionais da área de saúde será recurso imprescindível no tratamento.

O amor é importante na cura porque é o mais significativo elemento da vida humana, constituindo-se, sem embargo, como a síntese da vida em sua expressão holística. Sugerimos a leitura do capítulo 18 do livro “Nosso Lar”, da série André Luiz, psicografia de Chico Xavier, cujo título é “Amor – Alimento das Almas”, edição da FEB. Somo criados pelo Amor (DEUS), e cada um de nós é parte integrante desse amor, pena é que ainda não descobrimos ele inteiro.

O amor deve ser doado de forma espontânea, nunca compulsoriamente. Amar não se impõe, é um ato de livre escolha. Ninguém deve ser constrangido a amar, porque amar é movimentação energética do espírito que se transmite e somente assim o faz quem a tem; não se falsifica condição energética sem a ter. Tudo que é obrigado causa constrangimento e conseqüentemente superficialidade. Por isso, ame não finja, e não force ninguém a amá-lo.

Erroneamente se fala em o “amor verdadeiro”, o que levaria à suposição da existência de o “amor falso”. Dado, a várias interpretações erronias que existem sobre o amor.

Ora, amor é amor, sem gradação alguma, e nós aduzimos: não se conjuga, em essência, o verbo amar no passado ( eu amei ), porque quem ama nunca deixa de amar. No presente e no futuro, tudo bem ( eu amo, eu amarei ) mas no passado, não. É uma heresia ao amor.

Várias são as formas de passarmos a nos amar. Podemos recorrer à meditação, à oração, utilizar a música em busca do bem-estar interior ou simplesmente nos colocarmos diante de um espelho e dizermos a figura ali refletida que a ama, a quer muito, que ela é muito bela e que tudo fará por amá-la para sempre, com total fidelidade. Pare, agora, e olhe para você mesmo, já viu o quanto és uma bela pessoa, olhe bem, não finja, você é belo, importante e merece ser amado, primeiramente por você mesmo, pois você é o próprio fulcro gerador desse amor.

O trabalho do terapeuta é o de colocar o paciente de novo no caminho reto, ou seja, aquele caminho que o levará a se valorizar, auto-perdoar-se e amar-se. Isto significa fazer com que o paciente se sinta capaz de contribuir para um mundo melhor, ofertando-lhe o seu amor.

O contato físico para a cura ( não é o sexual ) tem significativa importância, é conveniente. E quando se ama, não se deve alimentar o receio de abraçar o paciente, apertar sua mão, demonstrar carinho por ele através do afago.

A alimentação do ressentimento pode conduzir pessoas até mesmo ao crime. Aquilo que não se diz é, geralmente, o que mais dano provoca na criatura, doente ou candidata a adoecer. O ressentimento é um veneno que nós mesmos tomamos e esperamos que o outro morra.

Os nervos do ressentido se torna um gatilho prestes a disparar a exagerada sensibilidade, pronto a explodir por qualquer motivo insignificante, nessas horas apresentando um tipo de reação desproporcional ao fator desencadeador do ressentimento. Se nos víssemos diante de um espelho nesse momento do revide, verificaríamos uma transformação profunda em nossa entranhas até, mudança radical da fisionomia e expressões físicas, desastrosas.

O verdadeiro terapeuta não é alguém que lança olhar superior sobre o doente, mas aquele que considera o trabalho de cura como um diálogo e um aprendizado, tanto para o paciente quanto para o curador. Paciente e terapeuta entram naturalmente num processo através do qual um termina por curar o outro, porque passa a haver entre os dois uma integração perfeita, um sentindo o que atinge o outro, tal o grau de confidência a que chegaram. Essa interação se dá quando existe algo favorável ou desfavorável que está sendo vivenciado por um dos dois.

Chegaram os estudiosos da terapia do amor à conclusão, até certo ponto já do conhecimento público, que o fundamental é se amar o que se está fazendo.

Por índole ancestral o ser humano somente valoriza o que perde. Quando a coisa perdida está à plena disposição pouco ou nada significa. Pois sem nos valorizar, dificilmente valorizaremos os outros.

A vida saudável e seu dinamismo pulsante dentro de nós não o percebemos quando estamos bem. Somente quando o véu da morte paira sobre a nossa cabeça nos chocamos com a possibilidade do seu envolvimento.

Recobrando a saúde, voltando a disposição de realizar, sentimo-nos gratos, lembramo-nos de Deus e a Ele costumamos agradecer quando alguém nos diz : “Como você está bem!”. “Graças a Deus”, é a nossa resposta, invariavelmente.

O que é a cura? É toda uma movimentação química que ocorre no interior das nossas células, conduzindo-nos à retomada da ligação com a vida na plenitude de nossa capacidade de ação.

Curar-se é alcançar maiores níveis de capacidade de amar a nós, ao próximo e à vida, é aquele estado que nos conduz à vida mais plena. Vamos, com isso, notando que curar-se é, em essência, um fenômeno espiritual, pelo fato de ter a sua gênese no espírito. A cura é, pois, espiritual. Corpo sadio é sintoma de espírito saudável, feliz, que se ama. Devemos buscar objetivamente a saúde do espírito, e não apenas do corpo, sendo esse procedimento o que os médicos mais atualizados estão fazendo.

A síntese da mensagem de Jesus é que chegássemos ao patamar da nossa cura espiritual, ao dizer que prosseguíssemos vivendo e que não continuássemos pecando.

A cura analisada mais detidamente pelos pesquisadores da área ainda é um mistério. A medicina moderna apoia-se em observações que, em sua essência, são inexplicáveis. Chega-se à conclusão de que ninguém conhece a atuação de droga alguma. Lógico que a maioria dos médicos prefere ignorar que não sabe de fato o que ocorre, afirma apenas que tal remédio é eficiente, isso basta. Que importa, nessas horas, como se dá o restabelecimento do organismo, que mecanismo são acionados e como interagem? O cliente se curou ou foi curado, é tudo que basta.

A cura ainda permanece na fronteira existente entre o saber da ciência e a força do pensamento. É desta região, se assim podemos chamar, que se origina a cura. Chegar a este ponto crucial é o desafio existente.

No tratamento que conduz à cura existe um elemento que ultrapassa a técnica e que é fator vital unificador de todos os agentes e métodos de cura que só agora começa a ser explorado e utilizado – o amor.

O amor tem força curativa, porque leva ao relacionamento afetivo, a capacidade de nos fundir, de nos tornar unos, mesmo que seja por breves intervalos conosco mesmo, com o próximo, com a vida. “O amor é alimento das almas”.

Disseram os autores do livro aqui utilizado como apoio que precisamos encontrar um estado de harmonia entre nossas consciências intuitiva e espiritual. Para tanto, é necessário termos em conta que o processo de cura envolve a comunhão de três forças:

Participação original e espontânea na vida, livre de julgamentos;
Perceber as profundezas de onde emana o nosso envolvimento com a vida; e,
Amar incondicionalmente.
Vale buscar a síntese do que acima acabamos de registrar, isto é, que amar é imprescindível e o maior amor que já esteve aqui chama-se Jesus. Urge vivermos seus ensinos como a única forma de curar e de nos curarmos. Quem se cura, pode curar. Agora, quem ainda não alcançou a própria cura...

O Espiritismo, pois, ensina a amar quando afirma a necessidade de praticarmos a caridade para atingirmos a felicidade de viver.

(1) Todos estes informes médicos/científicos estão apoiados no livro “Curar, Curar-se” organizado por Richard Carlson, Ph.D e Benjamin Shield, livro da Editora Cultrix

Fonte:http://www.espirito.org.br/portal/artigos/elferr/amar-eh-caminho.html


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

QUANDO PERDEMOS NOSSOS ENTES QUERIDOS

A visão espírita da morte é única e singular entre as doutrinas religiosas. É bom conhecê-la e vivê-la, para que fiquemos mais tranquilos, aceitando melhor o desencarne de quem amamos.

Mauro Operti
Entrevista realizada no canal IRC # Espiritismo
Para entender a atitude dos espíritas diante da perda de entes queridos, é preciso entender a visão espírita da morte. O que é a morte para o espírita? Em primeiro lugar, a destruição do corpo físico, que é um fenômeno comum a todos os seres biológicos. Segundo, a morte é um instante em meio a um caminho infinito. E em terceiro lugar, a morte é uma transição e não um ponto final.

Há que se considerar também que o espírito está permanentemente em processo de crescimento e renovação e a morte é a forma de forçar esta renovação, mudando ambientes e projetos de vida.

Esta visão um tanto pragmática e aparentemente fria da morte não exclui a existência de sentimentos e emoções, porque tanto quanto sentimos mais ou menos fortemente a separação geográfica entre duas pessoas e ansiamos por reencontrarmos aqueles que estão longe, assim também ansiamos por ter novamente conosco os que se foram.

Mesmo na vida física há separações que são traumáticas, longas e, às vezes, definitivas. Na morte, então, a saudade e a vontade de ter outra vez aquele que se foi é perfeitamente natural e compreensível, mas a certeza da retomada do afeto e de projetos comuns no futuro é profundamente consoladora e faz com que a esperança possa ser tranquila e confiante.

Por que é tão doloroso ainda para nós o fenômeno da morte física, com a separação dos entes que amamos?

Mauro Operti - Exatamente porque os amamos, queremos tê-los continuamente junto a nós. Isto não precisa de explicação, é natural. Vivemos em função dos outros. Tudo o que fazemos na vida tem como referência o outro. Se o outro que amamos se vai, como não sentir?

É lícito procurarmos o contato com entes que partiram, já que á morte não é o fim?

Mauro Operti - Perfeitamente, desde que a nossa atitude mental e as nossas emoções estejam equilibradas. Por outro lado, toda vez que tentamos o contato com o mundo espiritual, temos que ter certeza de que os meios dos quais dispomos (ambiente, médiuns etc.) sejam apropriados para a nossa intenção. De qualquer modo, temos que ser prudentes quando intentamos qualquer contato com o mundo espiritual. E mesmo que a nossa intenção seja boa ou a nossa saudade muito grande, as leis da comunicação mediúnica continuam em vigência. Mas, de qualquer maneira, se a misericórdia divina nos forneceu os meios de comunicação, é perfeitamente razoável buscarmos o contato com aqueles que nós amamos. Quem não anseia uma palavra de afeto de quem está longe? É profundamente consoladora esta certeza.

O que se pode dizer às pessoas que buscam o centro espírita com profundo desejo de receberem uma mensagem de um ente querido que já partiu?

Mauro Operti - Em primeiro lugar, estar avisado de que este contato nem sempre é possível. Às vezes, passam-se meses ou anos antes de conseguirmos uma palavra ou uma mensagem. Nem os médiuns, nem os espíritos estão obrigados a nos dar a resposta que queremos. Se a misericórdia divina permitir, nós a receberemos, como muitos que já receberam. As evidências para alguns de nós são numerosíssimas, como é o meu próprio caso. Eu não tenho como negar o fato da sobrevivência pelo muito que já vivenciei ou já presenciei.

Qual a garantia de estarmos nos comunicando com nossos verdadeiros entes?

Mauro Operti - As evidências para a comunicação entre mortos e vivos são de dois tipos: subjetivas ou objetivas. As evidências objetivas são confirmações externas, através de fatos objetivos que deixam motivo para poucas dúvidas (ou nenhuma dúvida). É claro que, como acontece com a própria pesquisa científica, sempre se pode levantar hipóteses explicativas para os fenômenos. O que se faz é levar em conta a soma de evidências que levam, quase sem deixar dúvidas, a se aceitar que o fenômeno foi genuíno. Mesmo na pesquisa científica, isto também acontece. Na realidade, nada é definitivamente provado em ciência. Mas para muitas coisas, o peso das evidências a favor de uma determinada explicação é tão grande que, do ponto de vista prático, é como se estivesse provado. É assim também com os fatos mediúnicos. Mas existem também as evidências subjetivas e essas são pessoais e intransferíveis. Eu não posso provar a uma outra pessoa que sonhei com um ente querido e que isto significa que eu realmente estive com ele, mas, interiormente, eu tenho certeza, pelo realismo das cenas vividas oniricamente e por detalhes que me trazem uma certeza interior que não pode ser transferida. E quando isto acontece, não me importa absolutamente o que o outro possa pensar da minha experiência.

As perdas vivenciadas por qualquer encarnado, quando acompanhadas de sentimento de resignação e capacidade de perdão, podem se tornar um aprendizado, um treinamento que nos levaria a entender melhor a perda dos entes queridos?

Mauro Operti - Certamente, porque é o aprendizado da renúncia, a certeza de que não somos donos de nada, nem de ninguém. Que o que temos num certo momento nos pode ser tirado no outro e continuamos vivendo, continuamos lutando sempre com a visão do futuro.

O ente desencarnado assiste ao seu velório? Assim sendo, qual sua postura diante da demonstração de dor dos entes encarnados? 

Mauro Operti - Nem sempre. Vai depender do próprio espírito e da assistência por parte dos seus amigos espirituais. Às vezes, ele não tem condições emocionais e está tão desarvorado que deve ser afastado do local. Outras vezes o seu estado de perturbação é tal que ele não tem consciência do que está se passando. Mas, muitas vezes, isso é possível.


A vontade de ver o ente que se foi, a saudade, não atrai o espírito do parente querido desencarnado? Isto pode levar a uma obsessão? 

Mauro Operti - Depende do estado mental e emocional que acompanha esta vontade. Também depende das condições do espírito desencarnado, mas não há perigo em pensarmos com saudade nos nossos afetos desencarnados. Isto é uma expressão do carinho e da afeição que une dois seres. Como proibir? Seria, no meu modo de ver, uma falha das Leis Divinas não deixar que nos lembremos com carinho daqueles que um dia se foram.

Como proceder para saber se os entes queridos estão bem? 

Mauro Operti - Rezar, pedir a Deus que lhe permita sentir o carinho daquele de quem você gosta. Com o tempo e a prática aprendemos a nos dirigir mentalmente àqueles de quem gostamos e as evidências subjetivas que colhemos desses contatos nos dão a certeza de que realmente estivemos com eles. Mas é preciso aprender a fazer as rogativas mentais com tranqüilidade, confiança e á certeza da assistência espiritual de nossos guias. Peçamos a Jesus acima de tudo e esperemos com serenidade.

Que mensagem você daria para as pessoas que perderam seus entes queridos e acreditam que nunca mais irão encontrá-los? 

Mauro Operti - Para estas pessoas eu diria que Deus não cometeria esta maldade de separar definitivamente dois seres que se amam. A essência da vida é o outro.
 Porque Deus juntaria num breve tempo de uma existência duas criaturas que se sentem felizes de estar juntas e depois as separaria pela eternidade? A certeza da sobrevivência que a prática espírita garante às criaturas está acompanhada da certeza da reunião daqueles que se amam depois da perda do corpo físico. Esta é a maior consolação que poderíamos desejar, mas não é só uma consolação piedosa, é uma certeza proveniente da vivência que, aos poucos, vai nos tornando mais seguros e menos propensos às crises de ansiedade e aflição que são tão comuns às pessoas hoje em dia. Temos certeza e sabemos, não apenas acreditamos.

O QUE DIZ O LIVRO DOS ESPÍRITOS

Questão 935 - O que pensar das pessoas que vêem as comunicações dos espíritos como uma profanação?

Não pode haver nisso profanação quando há recolhimento e quando a evocação é feita com respeito e dignidade. O que prova isso é que os espíritos que se afeiçoam a vós vêm com prazer, ficam felizes com vossa lembrança e por se comunicarem convosco. Haveria profanação se fizessem disso uma leviandade.

Comentário de Allan Kardec: A possibilidade de entrar em comunicação com os espíritos é uma consolação bem doce, uma vez que nos proporciona o meio de conversarmos com nossos parentes e amigos que deixaram a Terra antes de nós. Pela evocação, os aproximamos de nós e eles ficam do nosso lado, nos ouvem e respondem; não há, por assim dizer, mais separação entre eles e nós.

(Extraído da Revista Cristã de Espiritismo nº 11, páginas 13-15)

Fonte: http://www.ippb.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3871&catid=81


domingo, 27 de janeiro de 2013

Tragédias coletivas: por quê?

Suely Caldas Schubert

A dolorosa ocorrência da queda do avião da TAM, que ia de São Paulo para o Rio, causando a morte de quase cem pessoas, traz novamente, de forma mais intensa e angustiosa a pergunta: por quê? por que acontecem essas tragédias coletivas? Outras indagações acorrem à mente: por que alguns foram salvos, desistindo da viagem ou chegando atrasados ao aeroporto? Por que alguns foram poupados e outros receberam o impacto da queda do avião em suas casas ou na rua?

Somente o Espiritismo tem as respostas lógicas, profundas e claras que explicam, esclarecem e, por via de conseqüência, consolam os corações humanos.

Para a imensa maioria das criaturas essas provas coletivas constituem um enigma insolúvel pois desconhecem os mecanismos da Justiça Divina, que traz no seu âmago a lei de causa e efeito.

Ante tragédias como essa mais recente, ou como outras de triste memória: o incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo; o incêndio no circo em Niterói; outros desastres de avião; terremotos; inundações; enfim, diante desses dramáticos episódios a fé arrefece, torna-se vacilante e, não raro, surge a revolta, o desespero, a descrença. Menciona-se que Deus castiga violentamente ou que pouco se importa com os sofrimentos da Humanidade. Chega-se ao ponto de comparar-se o Criador a um pai terreno e, nesse confronto, este sair ganhando pois zela pelos seus filhos e quer o melhor para eles, enquanto que Deus...

O Codificador do Espiritismo interrogou os Espíritos Superiores quanto às provas coletivas, no item intitulado Flagelos Destruidores, conforme vemos em "O Livro dos Espíritos", nas questões 737 a 741, que recomendamos ao atencioso leitor.

Nos últimos tempos a Espiritualidade Amiga tem-se pronunciado a respeito das provações coletivas, conforme comentaremos a seguir.

Exatamente no dia 17 de dezembro de 1961, em Niterói (RJ), ocorre espantosa tragédia num circo apinhado de crianças e adultos que procuravam passar uma tarde alegre, envolvidos pela magia dos palhaços, trapezistas, malabaristas e domadores com os animais. Subitamente irrompe um incêndio que atinge proporções devastadoras em poucos minutos, ferindo e matando centenas de pessoas, queimadas, asfixiadas pela fumaça ou pisoteadas pela multidão em desespero.

Essa dramática ocorrência, que comoveu o povo brasileiro, motivou a Espiritualidade Maior a trazer minucioso esclarecimento, conforme narrativa do Espírito Humberto de Campos, inserida no livro "Cartas e Crônicas" (ed. FEB), cap. 6.

Narra o querido cronista espiritual que no ano de 177, em Lião, no sopé de uma encosta mais tarde conhecida como colina de Fourvière, improvisara-se grande circo, com altas paliçadas em torno de enorme arena. Era a época do imperador Marco Aurélio, que se omitia quanto às perseguições que eram infligidas aos cristãos. Por isto a matança destes era constante e terrível. Já não bastava que fossem os adeptos do Nazareno jogados às feras para serem estraçalhados.

Inventavam-se novos suplícios. Mais de vinte mil pessoas haviam sido mortas.

Anunciava-se para o dia seguinte a chegada de Lúcio Galo, famoso cabo de guerra, que desfrutava atenções especiais do imperador. As comemorações para recebê-lo deveriam, portanto, exceder a tudo o que já se vira. Foi providenciada uma reunião para programação dos festejos.

Gladiadores, dançarinas, jograis, lutadores e atletas diversos estariam presentes. Foi quando uma voz lembrou: -"Cristãos às feras!" Todos aplaudiram a idéia, mas logo surgiram comentários de que isto já não era novidade. Em consideração ao visitante era preciso algo diferente. Assim, foi planejado que a arena seria molhada com resinas e cercada de farpas embebidas em óleo, sendo reunidas ali cerca de mil crianças e mulheres cristãs. Seriam ainda colocados velhos cavalos e ateado fogo. Todos gargalhavam imaginando a cena. O plano foi posto em ação. E no dia seguinte, conforme narra Humberto de Campos, ao sol vivo da tarde, largas filas de mulheres e criancinhas, em gritos e lágrimas, encontraram a morte, queimadas ou pisoteadas pelos cavalos em correria.

Afirma o cronista espiritual que quase dezoito séculos depois, a Justiça da Lei, através da reencarnação, reaproximou os responsáveis em dolorosa expiação na tragédia do circo, em Niterói.

Uma outra tragédia também mereceu dos Benfeitores Espirituais vários esclarecimentos.

Por ocasião do incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo, ocorrido no dia lº de fevereiro de 1974, o médium Francisco Cândido Xavier, em seu lar, em Uberaba (MG), ouvindo a notícia pelo rádio, reuniu-se em prece com quatro amigos, solicitando auxílio dos Benfeitores Espirituais para as vitimas .

Atendendo ao apelo apresenta-se o Mentor Espiritual Emmanuel e escreve, através do médium, comovedora prece inserida no livro "Diálogo dos Vivos".*

Dias depois, em reunião pública, na qual estavam presentes alguns familiares de vítimas do incêndio do Joelma, os poetas Cyro Costa e Cornélio Pires (Espíritos) manifestaram-se pela psicografia, ditando ao médium sonetos referentes à tragédia.

O soneto de Cyro Costa traz uma dedicatória e o transcrevemos, tal como está, no citado livro "Diálogo dos Vivos" (cap. 26, pág. 150):

Luz nas chamas

Cyro Costa

(Homenagem aos companheiros desencarnados no incêndio ocorrido na capital de São Paulo a 1º de fevereiro de 1974, em resgate dos derradeiros resquícios de culpa que ainda traziam na própria alma, remanescentes de compromissos adquiridos em guerra das Cruzadas.)

Fogo!... Amplia-se a voz no assombro em que se espalha.
Gritos, alterações... O tumulto domina.
No templo do progresso, em garbos de oficina,
O coração se agita, a vida se estraçalha.

Tanto fogo a luzir é mística fornalha
E a presença da dor reflete a lei divina.
Onde a fé se mantém, a prece descortina
O passado remoto em longínqua batalha...

Varrem com fogo e pranto as sombras de outras eras
Combatentes da Cruz em provações austeras,
Conquanto heróis do mundo, honrando os tempos idos.

Na Terra o sofrimento, a angústia, a cinza, a escória...
Mas ouvem-se no Além os hinos de vitória
Das Milícias do Céu saudando os redimidos.

Tecendo comentários sobre o soneto de Cyro Costa, Herculano Pires (no livro retrocitado),

pondera que somente a reencarnação pode explicar a ocorrência trágica. Segundo o poeta as dívidas remontavam ao tempo das Cruzadas. Estas foram realizadas entre os séculos XI e XIII e eram guerras extremamente cruéis com a agravante de terem sido praticadas em nome da fé cristã. Os historiadores relatam atos terríveis, crimes hediondos, chacinas vitimando adultos e crianças. Os débitos contraídos foram de tal gravidade que os resgates ocorreram a longo prazo. Tal como o do circo em Niterói. O que denota a Bondade Divina que permite ao infrator o parcelamento da dívida, pois não haveria condição de quitá-la de uma só vez.

Vejamos agora o outro soneto (cap. 27, pág. 155):

Incêndio em São Paulo

CORNÉLIO PIRES

Céu de São Paulo... O dia recomeça...
O povo bom na rua lida e passa...
Nisso, aparece um rolo de fumaça
E o fogo para cima se arremessa.

A morte inesperada age possessa,
E enquanto ruge, espanca ou despedaça,
A Terra unida ao Céu a que se enlaça
É salvação e amor, servindo à pressa...

A cidade magoada e enternecida
É socorro chorando a despedida,
Trazendo o coração triste e deserto...

Mas vejo, em prece, além do povo aflito,
Braços de amor que chegam do Infinito
E caminhos de luz no céu aberto...

A idéia de que um ente querido tenha cometido crimes tão bárbaros às vezes não é bem aceita e muitos se revoltam diante dessas explicações, mas, conhecendo-se um pouco mais acerca do estágio evolutivo da Humanidade terrestre e do quanto é passageira e impermanente a vida humana, a compreensão se amplia e aceitam-se de forma mais resignada os desígnios do Criador. Por outro lado, que outra explicação atenderia melhor às nossas angustiosas indagações?

Estas orientações do Plano Maior sobre as provações coletivas expressam, é óbvio, o que ocorre igualmente no carma individual. Todavia, é compreensível que muitos indaguem como seria feita a aproximação dessas pessoas envolvidas em delitos no passado. A literatura espírita, especialmente a mediúnica, tem trazido apreciáveis esclarecimentos sobre essa irresistível aproximação que une os seres afins, quando envolvidos em comprometimentos graves. A culpa, insculpida na consciência, promove a necessidade da reparação.

O Codificador leciona de forma admirável a respeito das expiações, em "O Céu e o Inferno" (Ed. FEB), cap. 7 - As penas futuras segundo o Espiritismo. Esclarece que "o Espírito é sempre o árbitro da própria sorte, podendo prolongar os sofrimentos pela permanência no mal, ou suavizá-los e anulá-los pela prática do bem".

Assim - expressa Kardec -, as condições para apagar os resultados de nossas faltas resumem-se em três: arrependimento, expiação e reparação.

"O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa.

Este o notável Código penal da vida futura, que tem 33 itens e que apresenta no último o seguinte resumo, em três princípios:

"lº O sofrimento é inerente à imperfeição.

2º Toda imperfeição, assim como toda falta dela promanada, traz consigo o próprio castigo nas conseqüências naturais e inevitáveis: assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo.

3º Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a felicidade futura.

A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra: - tal é a lei da Justiça Divina."

___________

* XAVIER, Francisco Cândido e PIRES, J. Herculano. Espíritos Diversos, cap. 25, p. 145, 1ª ed. da GEEM, São Bernardo do Campo (SP) - 1974. (Transcrita na página seguinte.)

REFORMADOR - FEVEREIRO de 1997
Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/celuz/textos/tragedias-coletivas.html

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Contribuições do Espiritismo para uma Nova Família

A família atual sofre ataques profundos em sua estrutura, apressando as mudanças, no conjunto das mutações que revoluciona o comportamento social, abalando velhas estruturas e tradições.

Como conceituar a família atual, comparativamente à tradição? Como executar as funções de pai e mãe num momento tão inseguro como atualmente? Como encaminhar os filhos ou ensiná-los ao autogoverno, em meio a tantas variáveis e da imaturidade natural?

Teria o Espiritismo contribuição objetiva para encaminhar a questão familiar de maneira a ajudar os pais e a família a encontrar um caminho de realização?

Pretendo analisar as questões relativas ao núcleo familiar, na procura de indicações que formulem uma filosofia espírita da família, contribuindo para a dar ao núcleo doméstico a eficiência afetiva que é fundamental para o bom encaminhamento dos Espíritos que reencarnam.


EM BUSCA DE UM NOVO MODELO

Após 1945, a estrutura moral e de valores da sociedade foi definitivamente balada. Após os horrores da II Guerra Mundial do século 20, o modelo que vinha sendo corroído mais aceleradamente com a queda da moral vitoriana do século 19 e pelos efeitos da I Guerra Mundial de 1914-1918, mostrou-se inadequado, falso e hipócrita.

Desde então buscam-se novas formas de relacionamento, sem encontrar um novo rumo. O que se vê é um não-modelo ou um modelo a procura de um sentido, moral e social, com fundas repercussões na instituição da família.

A família nuclear de hoje, na cultura ocidental e cristã, com seu reduzido numero de participantes, é o retrato atual de um longo e diversificado processo de depuração da instituição familiar.

O modelo de relação familiar que herdamos decorre da implantação do cristianismo no mundo ocidental. Analisando a conceituação básica do pensamento cristão, sob a ótica espírita, devido a visão de homem e de mundo adotada, podemos dizer que o cristianismo jamais entendeu a criatura humana, sua estrutura espiritual, medos e ansiedades. Centralizado na obsessão de salvar a humanidade, criou um sistema moralista baseado na negação do ser e na repressão sexual.

A figura paterna passa por revisão avassaladora tanto pelos filhos, como pelo próprios pais. A mãe já não quer ser a rainha do lar, mas deseja participar social e profissionalmente e assumir a condição de mulher desejante, enfim, uma pessoa com direito à busca de si mesma, sem a tutela paterna ou do marido.

Balançam as opções. Persistir no não-modelo , isto é, abandonar e desprezar todo o acervo histórico e moral existente e deixar as coisas correrem ao sabor das casualidades ou manter o modelo a procura de um sentido, resgatando parte do passado e buscando novas orientações, que é o que permanece no limbo das transições em curso.

É verdade que não há como abandonar os fundamentos morais mais substanciais da doutrina cristã. O que incomoda e torna frágil a estrutura familiar é a falta de uma base conceitual límpida, sem coerção e pré-conceitos que se mostram antinaturais.


MUTAÇÕES

Analisarei alguns itens que transfornaram o velho modelo familiar.

A - Liberação Sexual da Mulher

Nada mais justo que a mulher tivesse conquistado o direito a sua sexualidade. Seria absurdo persistir no parâmetros que a Igreja cristã estabeleceu para a mulher, seja sexual, humana ou socialmente.

As mulheres têm agora a liberdade de usar sua sexualidade conforme sua consciência. No uso do livre arbítrio, essa liberação será legítima conforme for utilizada de maneira equilibrada e responsável, de maneira a manter a dignidade da pessoa.

É inegável que essa liberação abalou profundamente os alicerces da antiga família . Não apenas por essa elevação social e humana da mulher, mas por todas as transformações que daí decorreram e decorrem para as instituições do casamento, da divisão do trabalho no lar e pela eliminação do poder legal e institucional do homem na estrutura da família. Ou seja o rompimento da base sobre a qual a Igreja edificou o instituto da família.

B - Questionamento do Casamento

A indissolubilidade do casamento, pregada secularmente pela Igreja é um contrassenso, felizmente erradicada pela maioria dos países cristãos. As pessoas até nominalmente cristãs, sem dar importância à posição das igrejas em geral, casam e descasam.

O Espiritismo sempre foi favorável ao divórcio. Kardec disse-o claramente.

Muitas vezes os casamentos são desfeitos pelo voluntarianismo, pelo egoísmo e pela impaciência na adaptação. Outras, entretanto, são decorrentes de situações dramáticas, de sofrimentos e comportamentos que atingem a dignidade. Nesses casos, não há porque mantê-los. Eis o que diz O Livro dos Espíritos:

940 . A falta de simpatia entre os seres destinados a viver juntos não é igualmente uma fonte de sofrimento, tanto mais amarga quanto envenena toda a existência?

- Muito amarga, de fato: mas é uma dessas infelicidades de que, na maioria das vezes, sois a primeira causa. Em primeiro lugar as vossas leis estão erradas, pois acreditais que Deus vos obriga a viver com aqueles que vos desagradam?

A própria instituição do casamento formal, legal, é questionada por muitos. Todavia, o anseio de construir uma família e a procura de uma convivência duradoura, dominam o cenário. Novas formas no relacionamento entre os cônjuges decorrerão do nivelamento mental, moral e até profissional dos parceiros. A antiga família contemplava a supremacia do homem, o “cabeça da família”, o que saía para prover os recursos e a submissão da mulher que devia ficar na casa para os serviços domésticos. O novo panorama exige a mudança desse modelo, com funções compartilhadas pelo casal. O casamento do futuro será baseado no afeto e no amor.

C - Sexualidade Sem Compromisso

Em virtude da liberação sexual da mulher, a sexualidade teve novos contornos na sociedade atual. Muitas máscaras caíram, muita hipocrisia desfez-se e também muito exagero e mesmo libertinagem se instalou. O alastramento da Aids é uma consequência dessa desestruturação moral. “Transar” já é normal. A virgindade feminina não é considerada fundamental. Entretanto, as famílias bem estruturadas deverão criar um clima de confiança e equilíbrio, de compreensão dos fatores sexuais, de modo a induzir os filhos a iniciar-se na sexualidade de maneira consciente, no seu tempo adequado, com apoio e acompanhamento dos pais.

D - Limitação dos Filhos

Na onda de transformações, as famílias encolheram. Dificuldades naturais e outros fatores levaram os casais na sociedade cristã a pensarem numa família nuclear reduzida. O problema da limitação dos filhos repercute na produção de remédios e métodos anticonceptivos. Alguns notadamente insensíveis e perniciosos, como a utilização do aborto como método anticoncepcional, o que não se pode aceitar. Parece-me, dentro da lei do livre arbítrio, que a decisão de limitar o número de filhos pertence ao casal. O planejamento, entretanto, não será legitimado se for baseado no egoísmo ou na futilidade.

A paternidade realça o valor do homem para si mesmo, tanto quanto a maternidade eleva a mulher no seu próprio conceito. São estados de consciência que gratificam o Espírito, preparando-o para movimentar energias e possibilidades. (Amor, Casamento & Família, Jaci Regis, pág. 69).


REESTRUTURAÇÃO MENTAL

A introdução de um modelo renovador deve começar pela mudança da estrutura mental da pessoa e, posteriormente, pela reestrutura mental da sociedade. Sabemos que a sociedade cria sua própria moral que atua de forma condicionadora sobre o indivíduo. Logo a organização familiar estabelecida pela Igreja, séculos após séculos de indução, criou modelos mentais fixos, a custos reorganizados na mente.

Quando Allan Kardec queixava-se da inexistência de um vocabulário específico para as idéias espíritas, sabia que uma palavra de significado consagrado em tradição secular correspondia a fixações mentais condicionadas.

Assim, a palavra família, por exemplo, embora designe uma estrutura bem conhecida, essencialmente, tem entendimento diferente e contraditório quanto a sua real significação.

No sentido de criação de uma mentalidade mais aberta, devemos considerar que tanto a concepção espiritualista univivencial, como também a materialista, entendem que a família é uma reunião fortuita e circunstancial de pessoas corporais dotadas, para os espiritualistas, de uma alma, criada no momento da concepção e para os materialistas apenas como um organismo vivo.

A concepção espírita é totalmente diferente, uma vez que concebe a vida corpórea como um segmento da vida espiritual dinâmica e imortal. Isto é, que a sociedade humana atual é composta de Espíritos reencarnados, ou seja, seres inteligentes perfeitamente definidos e delineados, dentro da lei da evolução, da qual a reencarnação é instrumento.

Dessa forma, postula que a família, antes de tudo, é um encontro de Espíritos. A família, na visão kardecista, é uma reunião de Espíritos afinizados em níveis de moralidade e evolução.

Na visão cristã e materialista, os filhos, por exemplo, não escolhem a família. São gerados aleatoriamente pelos pais e têm que sofrer suas influências, sem poder dela se esquivar, imposta que foi, pelo azar ou pelo destino, a convivência com eles.

Na compreensão kardecista, dentro de uma possível programação pré-reencarnatória, muitos filhos escolheram as famílias em que se encarnam, dentro da relação afetiva e sintônica que estabelece as ligações emotivas das pessoas.

Na visão cristã e materialista, a criança é um ser inocente criada na gestação, entregue aos azares do destino, cujo futuro dependerá de situações aleatórias, que da qual ao crescer se exigirá caráter ilibado, bom. No caso materialista desembocando na finitude da existência e no cristão, para garantir, depois da morte, um lugar no céu ou condenação. ao inferno.

Na visão kardecista a criança é, essencialmente, um Espírito com acervo evolutivo específico, que se submete a um processo de aprimoramento, na encarnação, da qual sairá mais experiente, em trânsito para a continuidade de seu projeto evolutivo, que recebemos como companheiro de jornada evolutiva.


NOVO MODELO

Primeiro é necessário definir como o Espiritismo analisa a vida corpórea.

Aí a compreensão espírita permeia uma posição de extremo equilíbrio. Embora enfatizando a natureza imortal do ser, apoiada na visão evolutiva e da reencarnação, de modo algum a doutrina despreza ou diminui a vida terrena. Nem poderia, uma vez que ela não é uma exceção, nem castigo ou exílio, como às vezes se propala, dando seguimento à afirmação cristã da precariedade da vida humana, como mera transição para o céu ou o inferno.

Em outras palavras, o Espiritismo dá grande ênfase à vida terrena. Para o espírita a encarnação não é um constrangimento.

No nosso nível evolutivo, ela é uma decorrência natural, desejada e imprescindível. Na medida que o Espiritismo nos liberta das velhas contradições do cristianismo a respeito da ação divina e do pecado, vamos compreendendo que encarnar representa uma condição necessária e que cada vida corpórea, matizada pelo esquecimento do passado, representa uma aventura, um caminho a ser percorrido com surpresas, vitórias, fracassos.

Nessa vida o Espírito exprime seus sentimentos, medos, desvios e acertos. Mas é também da sabedoria divina, que a encarnação promove um processo de desvinculação das personalidades anteriores e, embora guardando, como é compreensível, o imo de si mesmo, apresenta-se no mundo aberto, desguarnecido, pronto para receber influenciações que são decisivas para definir.

Isto é, o esquecimento das vidas passadas é, justamente, o instrumento capaz de permitir ao reencarnado viver a vida como se fosse a primeira e única vez que o faz.

Por isso esse modelo não cria qualquer diferença ou condena as manifestações comuns e naturais, sejam sexuais ou afetivas que geralmente constroem as relações familiares.

Não encontro base para engessar o pensamento em formas expiatórias relativas a erros do passado. Ou seja, não considero que todas as agregações familiares sejam previamente combinadas antes da encarnação. Não descarto essa possibilidade, mas não a tomo como básica na compreensão das relações afetivas entre o casal e os filhos e no conjunto familiar em geral.

Isso é necessário para libertar a mente de fantasmas e evitar justificar comportamentos agressivos, ódios, apegos excessivos ou outras formas que constituem uma grande parte da relação familiar, sempre com consequências funestas.

O amor, a afeição são forças interiores da estrutura espiritual e não precisam de justificativas sobre possíveis ligações anteriores para se consolidarem.

Vivendo intensamente a realidade do presente, embora com a visão ampla e libertadora da doutrina espírita, construiremos a família dentro de modelos dinâmicos, exercendo as funções paternais com desembaraço e consciência.


O NÓ DOS CONFLITOS

Os mecanismos da reencarnação são dispostos de modo que ao encarnar o Espírito, desvincula-se de suas personalidade, embora mantendo o acervo próprio de sua individualidade.

Com isso, o Espírito pode reiniciar seu aprendizado terreno, como se fora a primeira vez que o fizesse. O esquecimento do passado é um instrumento básico para permitir a reciclagem das personalidades, condição indispensável à criação de oportunidades de crescimento e refazimento.

Essa realidade nos livra de permanecer na relação humana na posição dúbia de querer ver além do tempo, a motivação pessoal de certos conflitos.

Diante do cônjuge de difícil convivência não há como vê-lo como alguém que nos cobra a culpa por erros do passado, a pretexto de pagar dívidas passadas. Amá-lo, suporta-lo ou tolerá-lo ou não, será fruto da consciência dos fatores que cada um tem que analisar para a tomada de decisões. Da mesma forma o filho rebelde e difícil não tem que ser olhado como uma desafeto que volta para cobrar alguma coisa.

São desafios difíceis, mas que podem ser enfrentados, a partir de uma visão menos utilitarista da vida

Essa diversidade de visão caracteriza formas muitos diferentes de analisar a vida terrena e deveria desencadear motivações pedagógicas e comportamentais profundamente positivas na relação familiar, considerando a posição espírita.

Muitos pais reclamam das dificuldades em criar um ambiente doméstico equilibrado e basicamente positivo. Dizem, com certa razão, que existem, hoje em dia, concorrentes poderosos à conivência familiar. A inserção da mulher no mercado de trabalho, por exemplo, tirou o papel de dona de casa . Se o casal trabalha fora, há de haver uma concentração mental e moral capaz de suprir a ausência com a criação de uma psicosfera familiar segura, de modo que os filhos se sintam importantes, notados e amados, ainda que sem a presença constante dos pais.

Essa circunstância obriga a entregar os filhos em mão de terceiros, sejam parentes, empregados ou instituições, mas isso, como se pode comprovar, não afasta os filhos dos pais desde que, como disse, se deem aos filhos de maneira consistente.

Na verdade, a maioria dos problemas dos filhos é decorrentes do abandono devido a futilidades e egoísmos materno ou paterno, de modo que vibracionalmente eles sentem que são deixados de lado, que não são importantes ou amados.

A concorrência da televisão pode e deve ser contornada com a formação do hábito da conversa positiva, do diálogo e da união familiar em torno de tarefas de ideal, de serviço ao próximo, de utilidade humana, ao lado da merecida e equilibrada cota de laser, recreação, conforme as condições permitirem.

Verificamos que a função paterna e materna, não se complica, mas exige uma atuação mais próxima, mais constante e uma abertura mental dos genitores para olhar os filhos com novo olhar.

A visão imortalista produz efeitos benéficos na estrutura do ser. No caso de uma gravides, por exemplo, a mãe e, ao seu lado o pai, acompanharão o desenvolvimento do feto com ternura e expectativa, sabendo embora que aí se está gerando um corpo que servirá de expressão viva de um Espírito vivido, que virá ao encontro de seu lar para receber amor, compreensão, diretrizes.

Certamente ele será um bebê, criança e viverão a realidade da convivência. Os pais chorarão por ele, se preocuparão com as doenças, com os problemas e o futuro dele. Mas tudo isso dentro de uma ótica mais equilibrada e compreensiva.


CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS

Bem compreendido o Espiritismo é instrumento de libertação e expansão da consciência. A reencarnação, como vimos, é um instrumento do processo evolutivo do ser imortal. É um segmento repetitivo, na nossa fase atual, de aprendizado e reajustamento psicológico, emotivo e moral.

No vocabulário espírita, as expressões castigo, punição, expiação, provas , relativamente ao ser e à vida corpórea, devem ser entendidas, sobretudo, como oportunidades . Ou seja, a divindade não pune, oportuniza.

Devido às realidades espirituais dos habitantes deste planeta e as implicações culturais, o lar só será o doce lar, conforme forem cultivados pelos seus componentes valores positivos. Isso não significa uma homogeneidade total, pois, pragmaticamente, a família é um polo de conflitos. De conflitos porque reúne em seu espaço afetivo todas as paixões e aspirações humanas. Nele reúnem-se Espíritos vivenciados, em busca de uma nova oportunidade de crescimento que a encarnação permite.

Essa visão espírita é extremamente moral, mas não moralista. O Espiritismo baseia-se nos fundamentos da moral de Jesus de Nazaré. Todavia, a filosofia de vida é determina o comportamento. As informações e mesmo o conhecimento formal e intelectual das coisas, nem sempre consegue mudar os impulsos afetivos, nem direcionar convenientemente as emoções.

O sentimento é que estabelece a forma de vivenciar.

E o sentimento é produto de um complexo de percepções do Espírito, que tem que manipular, entretecer-se com variáveis afetivas que incluem o medo, o desejo, a rejeição e o amor, este compreendido, antes de tudo, como uma forma de sentir-se aceito, protegido, sustentado afetivamente.

É a partir dessa matriz que o comportamento se realiza na relação, pois podemos saber que não devemos fazer algo mas fazemos, temos conhecimento que certas formas de agir são prejudicais e mesmo assim as executamos.

Dito isto, consideremos a base moral das relações. É certo que existe uma moral social, coletiva, cultural. São crenças, costumes e leis que estabelecem os limites da relação entre as pessoas, nas quais a família se insere. Pois a moral, em resumo, é a maneira como cada um se relaciona consigo mesmo e com os outros.

Todavia, é também da concepção espírita que existe uma Lei Natural que estabelece limites e canalizações da afetividade, de modo a que a pessoa se encaminhe, pelo melhor caminho possível, para encontrar uma relativa harmonização com a Lei.

Essa compreensão será a baliza da moralidade.

Fonte: Jornal de cultura espírita Abertura, maio de 2000, ano XIII, nº 148 - Santos-SP.
- http://viasantos.com/pense/arquivo/1338.html

Jaci Regis (1932-2010), psicólogo, jornalista, economista e escritor espírita, foi o fundador e presidente do Instituto Cultural Kardecista de Santos (ICKS), idealizador do Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita (SBPE), fundador e editor do jornal de cultura espírita “Abertura” e autor dos livros “Amor, Casamento & Família”, “Comportamento Espírita”, “Uma Nova Visão do Homem e do Mundo”, “A Delicada Questão do Sexo e do Amor”, “Novo Pensar - Deus, Homem e Mundo”, dentre outros.