quarta-feira, 28 de maio de 2014

Por que os Médicos Hoje Acreditam que a Fé Cura?

Floriano Legado do Amaral

Deparamos com esta questão na revista "Seleções", edição de agosto de 2001, página 43, e nos apressamos em conhecer o conteúdo da matéria, elaborada por Lydia Strchl. E confirmamos o que já havíamos lido em outras fontes: Hoje, os médicos, apoiados em pesquisas que vêm sendo feitas em vários hospitais do mundo estão descobrindo que a fé realmente cura, ou pelo menos ajuda em muito os tratamentos médicos. Estamos certos de que uma olhadela nessa matéria ajudará muita gente que ainda vê a oração como simples ato místico, sem fundamento científico. Ei-la:
Um grupo de alunos de medicina vestidos de branco cerca um leito no Hospital Universitário de Georgetown. O paciente deitado na cama, Tom Long, fora esfaqueado no coração, estomago e, baço durante uma briga doméstica. Depois de sete cirurgias, foi liberado do hospital, com uma grande ferida no abdômen coberta por um enxerto cutâneo. Decorrido um ano, a lesão ainda não tinha cicatrizado. Assim, em dezembro de 1999, ele voltou ao hospital para se submeter à operação que por fim lhe fechou o abdômen.
Long relata, como já fez diversas vezes, a sensação de ser uma das poucas pessoas a sobreviver a uma facada no coração. Rhegar Foley, aluna do primeiro ano responsável pela entrevista, pergunta com nervosismo:

- Onde encontrou forças?

- É uma boa pergunta - diz Long, de repente vendo Rhegar como uma pessoa, e não mais apenas uma profissional de saúde.

Ele conta que deve a vida a algo mais do que os excelentes cuidados médicos que recebeu. Deve-se a Deus.

Faz-se silêncio. Os alunos cuja atenção havia se dispersado durante o relato histórico médico do paciente ficam alerta. Começam a surgir perguntas.

- A religião e a medicina têm uma relação inseparável - afirma Rhegar. - Vemos isso todos os dias. Mas não é apenas a religião organizada que dá força a alguns pacientes. - Todo mundo tem espiritualidade - diz ela. É isso, basicamente, que dá sentido à vida.

A ligação entre o corpo e espírito pode ser milenar, mas, conforme a cura foi se tornando uma ciência, os clínicos ocidentais se afastaram da espiritualidade e da fé religiosa. Agora, as necessidades dos pacientes, combinadas às pesquisas científicas que relacionam fé e boa saúde (ver Box) vêm pouco a pouco convertendo uma comunidade médica cética. Publicações científicas e livros abordam o assunto. Um número cada vez maior de médicos freqüenta conferências sobre fé e cura.

"Acho tudo isso parte de um retorno generalizado à espiritualidade", diz Carol P. Hausmann, psicóloga clínica que há seis anos fundou a Rede de Cura Judaica de Washington. A organização mantém grupos de apoio espiritual para pessoas enfermas. "A geração que agora está na meia-idade vê os pais envelhecidos, vê a si mesma envelhecer e busca profundidade e significado."

A ciência por trás da religião

Uma série de estudos recentes vem corroendo a parede entre igrejas e laboratórios. Essas pesquisas demonstraram, por exemplo, que aqueles que freqüentam serviços religiosos mais de uma vez por semana vivem, em média, sete anos mais do que os que não o fazem. Um estudo realizado em 1998 pelos médicos Harold Koenig e David Larson, do Centro Médico da Duke University, mostrou que as pessoas que freqüentam a igreja todas as semanas tinham menos probabilidade de serem internadas e, se fossem, não passavam tanto tempo no hospital quanto aquelas que iam à igreja com menos freqüência.

Essas correlações podem ser explicadas em parte pelo fato de aqueles que freqüentam a igreja terem uma probabilidade menor de fumar, beber ou envolver-se em comportamento sexual de risco, e mais chances de contar com uma rede de apoio social. No livro The faith factor: proof of the healing power of prayer (O fator fé:do poder de cura da oração) o clínico Dale Matthews destaca que a religião organizada oferece uma comunidade que faz e precisa que façam por ela - assar biscoitos, visitar pessoas, ajudar. E as pesquisas demonstram que pessoas isoladas vivem pior do ponto de vista psicológico e físico.

Alguns pesquisadores, porém, como o psiquiatra Martin W. Jones, cuja disciplina na Faculdade de Medicina da Universidade de Howard estuda a correlação entre a fé e cura, alegam que uma explicação completa sobre o efeito positivo da espiritualidade na saúde não é essencial.

"Não entendemos o mecanismo de muitas drogas. Sabemos apenas, pela observação de causa e efeito, que funcionam", diz o Dr. Jones. "Da mesma forma, conseguimos ver os efeitos da consciência espiritual de uma pessoa sobre a evolução de seu estado; portanto, por que não usá-la? É como o placebo", acrescenta. "Por que funcionou? Fé. É uma força muito poderosa.

Assim como a culpa. Richard P. Sloan, professor do Colégio e Cirurgiões da Columbia, opõe-se a que os médicos se "misturem" com as crenças religiosas dos pacientes. Para ele, se a medicina assumier a posição de que a devoção é saudável, o fato de alguém adoecer ou não se recuperar poderia ser considerado produto da falta de religiosidade.

Na verdade, mesmo os médicos que incluem a espiritualidade em sua maleta aceitam a importância de usar a fé apenas como um complemento à assistência médica e somente se o paciente estiver aberto a falar sobre suas crenças.

Salto da fé

Em 1996, Joe Semmes, então médico da Emergência do Hospital de Arlington, na Virgínia, recebeu o diagnóstico de câncer do pâncreas, com uma taxa de sobrevida em cinco anos de 50%. Semmes, hoje com 51 anos e pai de quatro filhos, embora de família católica, não se confessa desde a adolescência. Ele admite que não tinha muita paciência para conceitos como equilíbrio e energia. Entretanto, quando a mulher, Elonide, uma pragmática empresária, pediu às pessoas que rezassem por ele, nem discutiu. Recentemente Semmes lera sobre o uso da meditação ou da oração contemplativa para acalmar a mente. "apesar das controvérsias sobre o assunto, existem evidencias na literatura de que o estresse prejudica o sistema imunológico. Achei que tudo que pudesse fazer para ajudar meu sistema imunológico era válido."

Na véspera da cirurgia exploradora do marido, Elonide pediu um ritual de cura em sua igreja. "As pessoas colocaram as mãos sobre mim e cantaram hinos", conta ele. "Foi incrível o poder daquela comunidade."

O tumor de Semmes, que envolvia vasos sangüineos vitais, não pode ser retirado por cirurgia. Mas a radioterapia e 36 semanas de quimioterapia ajudaram reduzi-lo, o Semmes pediu aos cirurgiões que tentassem removê-lo. Em janeiro de 1998, uma cirurgia de 11 horas extirpou o tumor.

Hoje, cinco anos após o diagnóstico inicial, Joe Semmes não apresenta evidência de doença ativa e diz que tem "boa energia", embora a cirurgia tenha retirado a maior parte de seu pâncreas.

"Não quero que pensem que melhorei por causa das orações", diz Semmes. "Foram a radiação e a cirurgia. Mas fiquei mais otimista. A cura é um movimento em direção à plenitude - ter consciência de onde você se encontra, estar conectado aos outros e amar. O crescimento espiritual no momento do colapso físico é incrível. Um despertar."

Prescrição: rezar?

No início de sua carreira, na década de 60, o Dr. Matthews começou a perceber que seus pacientes queriam dele algo mais do que o diagnóstico físico e o tratamento: alguns, cientes da intensa fé do médico, queriam que ele rezasse com eles.

"Eu não tinha um modelo. A inclusão da espiritualidade em minha relação com os pacientes evoluiu enquanto eu ouvia, prestava atenção e descobria que as pessoas contavam com sua fé."

Filho de médico de uma cidade pequena e neto de missionário, o Dr. Matthews é clínico geral em Washington. Usa estetoscópio, solicita radiografias e prescreve Prozac, quando necessário. No entanto, ao colher a história clínica dos pacientes, constuma se informar sobre seu grau de crença religiosa.

"É como se ele oferecesse um apoio mais profundo", diz um dos pacientes do Dr. Matthews, um consultor em biotecnologia com uma doença autoimune crônica. Aos 47 anos, já passou por cirurgia de substituição de uma válvula aórtica, recebeu um diagnóstico de doença de Crohn intestinal e vive com artrite nas articulações.

Conformar-se com uma doença degenrativa e potencialmente fatal não é fácil. Ele diz que sobreviveu aos últimos seis anos tornando-se cada vez mais espiritualizado. O Dr. Matthews às vezes inclui nas receitas trechos das escrituras e recomenda locais que dão apoio espiritual.

"Isso tem certa magia", diz o paciente, cujo quadro se estabilizou. Apesar de recentes contratempos, ele afirma: "Minha fé serve como ponto de equilíbrio. Assim, não sinto a doença como um fardo."

Doutor, cura-te a ti mesmo

A medicina tradicional talvez esteja abraçando a espiritualidade porque pode se beneficiar da crença. "Estamos em uma época crítica.", diz a Dra. Christina Puchalaki, professora-assistente de medicina da Universidade George Washington. "Os médicos têm por dever colocar o bem do paciente acima do próprio bem. É uma vocação muito espiritual. Mas, com a transformação da medicina em negócio, corremos o risco de perder o sentido de propósito e significado."

Médicos e pacientes, porém, continuam a expressar o desejo de manter a fé. Em 1996, a Associação de Faculdades Médicas Americanas começou a entrevistar advogados de pacientes, médicos, executivos de companhias de seguro, estudantes de medicina e membros da comunidade para o seu relatório sobre objetivos das escolas médicas. Como temas significativos, surgiram questões culturais, espirituais e relacionadas ao fim da vida. As faculdades americanas estão respondendo à demanda: em 1992, apenas umas poucas incluíam a espiritualidade em suas disciplinas: hoje, cerca de 50 das 125 escolas médicas dos Estados Unidos têm disciplinas dedicadas ao assunto.

Na Universidade de Georgetown, entre cursos de bioquímica, os alunos do primeiro ano de medicina cursam uma disciplina denominada Tradições Religiosas na Assistência à Saúde. Ela aborda a correlação entre espiritualidade e saúde, e ensina sobre as principais religiões do mundo, de uma perspectiva médica.

Equipes de médicos e teólogos apresentam as visões das diversas fés: judaica, budista, islâmica, hindu, católica romana e protestante. Os alunos tomam conhecimento de que algumas religiões influem em decisões sobre eutanásia, transfusão de sangue, uso de medicamentos e tecnologias. Aprendem a avaliar as crenças do paciente de maneira objetiva e não ameaçadora. E ainda, a utilizar a ajuda religiosa, como por exemplo, o capelão do hospital, se as necessidades do paciente assim o exigirem.

"Os alunos estão ditando o rumo dessas mudanças", diz M. Brownell Aderson, da Associação de Faculdades Médicas Americanas. "Quem faz uma faculdade de medicina quer cuidar das pessoas. Percebe que a tecnologia é ótima, mas também quer ser capaz de se comunicar com os pacientes para poder trata-los. Quer fazer isso com alma."

Tratamento integral

Ao começar a perder a voz, Diane Rehm, apresentadora de um programa no rádio, fez exames e tratamentos, tentou remédios, consultou especialistas. Entretanto, em 1998, depois de sete nos de decepções, sua voz ficou tão trêmula que Diane foi forçada a parar de trabalhar.

Assim, quando um amigo a convidou a se submeter a um ritual de cura, Diane, que já se fiava em orações para obter forças em épocas melhores, concordou. Numa capela, o amigo, um bispo, celebrou com um colega um ritual de cura secular, colocando as mãos na cabeça de Diane e murmurando orações por sua voz. Quando terminou, a voz não mudara. Mas a radialista se sentia melhor.

"Se posso dizer que fui atingida por um raio de energia", indaga Diane. "Não, apenas me senti em paz. E tive a sensação de que e que diziam e faziam me ajudaria."

Diane começou a receber o ritual de cura semanalmente em sua igreja. Não desistiu, porém, de procurar auxílio médico. Dois meses depois, Paul Flint e Stephen Reich, médicos do Johns Hopkins, diagnosticaram uma distonia espamódica, que afetava os músculos que produzem som. Recomendaram injeções periódicas para uma paralização temporária da musculatura vocal hiperativa. Diane também se submeteu à acupuntura. Até o momento, o tratamento está indo bem e ela voltou a trabalhar.

"A cura pode vir na forma de aceitação, num relacionamento diferente consigo mesmo e com os outros, mantendo uma sensação de paz diante da aflição", reflete Diane. Ela enfatiza, como muitos outros, que a fé é um complemento ao tratamento médico.

"A doença tem um base física", diz Jones, da Universidade de Howard, ele mesmo um sobrevivente do câncer, "mas há uma hierarquia: o nível físico, o emocional, o intelectual e a espiritual." Jones antevê uma sutil mudança na prática médica, do tratamento da doença para o tratamento do indivíduo como um todo.

"No que se refere às doenças, a ciência tem sido incrível", diz a Dra. Christina, que também é diretora de ensino do Instituto Americano de Pesquisa em Assistência à Saúde. "Aumentamos a expectativa de vida em quase dois terços no século 20, sobretudo graças à ciência", acrescenta ela. "Mas atribuímos esse progresso a um só aspecto. E a ciência não é o quadro inteiro. Há um elo de confiança que pode não se formar quando nos concentramos apenas no lado físico do paciente."

Em outras palavras, não se trata da cura pela fé, mas da fé na cura.

Ação da prece, segundo o Espiritismo

"A prece (cf. item 9 do capítulo XXVII do Evangelho Segundo o Espiritismo) é uma evocação. Através dela, entra-se em contado, por pensamento, com o ser ao qual se dirige. Ela pode ter por objeto um pedido, um agradecimento ou uma glorificação. Pode-se orar por si mesmo ou por outro, pelos vivos ou pelos mortos. As preces dirigidas a Deus são ouvidas pelos Espíritos encarregados da execução de suas vontades; as que são dirigidas aos bons Espíritos são reportadas a Deus. Quando se ora a outros seres que não a Deus, aqueles funcionam apenas como intermediários, intercessores, pois nada pode ser feito sem a vontade de Deus.

O Espiritismo torna compreensível a ação da prece, explicando o modo de transmissão do pensamento - vindo o ser rogado ao nosso apelo, ou indo nosso pensamento até ele. Para se ter idéia de que se passa em tal circunstância, é preciso imaginar todos os seres, encarnados e desencarnados, mergulhados no fluido universal que ocupa o espaço, assim como, aqui, estamos mergulhados na atmosfera. Esse fluido recebe um impulso da vontade - é o veículo do pensamento, como o ar é o veículo do som. Com a diferença de que as vibrações do ar são circunscritas, enquanto as do fluido universal estendem-se infinitamente. Portanto, quando o pensamento é dirigido a um ser qualquer, na Terra ou no espaço, de encarnado e desencarnado, ou de desencarnado a encarnado, uma corrente fluídica estabelece-se de um a outro, transmitindo o pensamento, como o ar transmite o som.

A energia da corrente está em razão da energia do pensamento e da vontade. Assim, a prece é ouvida pelos Espíritos, em qualquer lugar que se encontrem; assim, os Espíritos comunicam-se entre si, transmitem-nos suas inspirações, e assim se estabelecem relações à distância entre encarnados e desencarnados.

Essa explicação é sobretudo para os que não compreendem a utilidade da prece puramente mística. Não tem por objetivo materializar a prece, mas tornar-lhe o efeito inteligível, mostrando que ela pode ter ação direta e efetiva. Não se torna, segundo essa explicação, menos subordinada à vontade de Deus, juiz supremo de todas as coisas, e o único que pode tornar eficaz a ação de qualquer prece.

Através da prece, o homem atrai o concurso dos bons Espíritos, que vêm apoiá-lo em suas boas resoluções, e inspirar-lhe bons pensamentos. Adquire, assim, a força moral necessária para vencer as dificuldades e reentrar no caminho reto, se dele se afastou; e também assim pode desviar de si os males que atrairia por sua própria falta. Um homem, por exemplo, vê sua saúde arruinada pelos excessos que cometeu, e arrasta, até o fim de seus dias, uma vida de sofrimento. Tem o direito de queixar-se se não obtêm a cura? Não, pois poderia ter encontrado na prece a força de resistir às tentações.

Dividindo em duas partes os males da vida, um dos males que homem não pode evitar, outra das tribulações das quais ele mesmo é a primeira causa, devido a sua incúria e a seus excessos, ver-se-á que essa última parte ultrapassa em grande numero a primeira. Portanto, fica bem evidente que o homem é autor da maior parte de suas aflições, e que se pouparia delas se agisse sempre com sabedoria e prudência.

É certo, também, que essas misérias são resultados de nossas infrações às leis de Deus, o que se observássemos pontualmente essas leis, seriamos perfeitamente felizes. Se não ultrapassássemos o limite do necessário na satisfação de nossas necessidades, não teríamos as doenças que são a conseqüência dos excessos, e as vicissitudes que acarretam essas doenças. Se puséssemos limites à nossa ambição, não temeríamos a ruína. Se não quiséssemos subir mais alto do que podemos, não teríamos a queda. Se fossemos humildes, não sofreríamos as decepções do orgulho humilhado. Se praticássemos a lei de caridade, não seriamos maledicentes, nem invejosos, nem ciumentos e evitaríamos querelas e dissensões. Se não fizéssemos mal a ninguém, não teríamos vinganças, etc.

Admitamos que o homem não possa nada em relação aos males, e que toda prece seja inútil para evitá-los; já não seria bastante libertar-se de todos os males que procedem do próprio comportamento? Ora, nesse ponto concebe-se facilmente a ação da prece, pois ela tem como efeito atrair a inspiração salutares dos bons Espíritos, de perdir-lhes a força para resistir aos maus pensamentos, cuja execução nos pode ser funesta. Nesse caso, não é o mal que eles afastam, é a nós mesmos que afastam do pensamento que pode causar o mal: em nada impedem os decretos de Deus., e não suspendem o curso das leis da natureza, mas é a nós mesmos que impedem de infringirmos essas leis, orientando nosso livre-arbítrio. Mas o fazem sem nosso conhecimento, de uma forma oculta, para não sujeitar nossa vontade. O homem encontra-se, pois, na posição daquele que solicita bons conselhos e os põe em prática, mas que sempre é livre para segui-los ou não. Deus quer que seja assim, para que homem tenha responsabilidade por seus atos, e para permitir-lhe o mérito da escolha entre o bem e o mal. É assim que o homem sempre pode estar certo de obter, se pedir com fervor, e sobretudo nesse aspecto pode aplicar-se estas palavras: "Pedi e obtereis".

A eficácia da prece, mesmo reduzida a essa proporção, não teria um resultado imenso? Estava reservado ao Espiritismo a tarefa de provar- nos a ação da prece, pela revelação das relações que existem entre o mundo corporal e o mundo espiritual. Mas seus efeitos não se limitam a isso.

A prece é recomendada para todos os Espíritos. Renunciar à prece é ignorar a bondade de Deus; é rejeitar sua assistência para si mesmo, e, para os outros, o bem que se lhes pode fazer...

(Publicado no Correio Fraterno do ABC Nº 368 de Setembro de 2001)

sexta-feira, 23 de maio de 2014

A encarnação e a reencarnação

Antonio Paiva Rodrigues

“As flores, por mais belas que sejam, um dia emurchecem e morrem...Mas o seu perfume permanece no ar e no olfato daqueles que o souberam guardar em frascos adequados.O corpo humano, por mais belo e cheio de vida que seja, um dia envelhece e morre. Mas as virtudes do espírito, que dele se liberta, continuam vivam nos sentimentos daqueles que as souberam apreciar e preservar, no frasco do coração. Pensemos nisso”!

Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. Á medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen , o perispírito , que possui certas propriedades da matéria , se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio de seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra.

Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior. A encarnação em outras palavras é o estado em que os Espíritos estão quando se revestem de um envoltório corporal. Diz-se: Espírito encarnado em oposição a espírito errante. Os Espíritos são errantes nos intervalos de suas diferentes encarnações. A encarnação pode ocorrer na Terra ou em outro mundo.

A palavra encarnar significa nascer em um corpo de carne; quando um espírito vai encarnar, aproxima-se de sua mãe, unindo-se ao novo ser que se forma desde o instante da concepção. Vai gradativamente envolvendo-se com o processo de crescimento do embrião, do feto, até que eclode para a vida biológica, corporal, no momento em que nasce pelo parto. Aí se diz que ele está encarnado, Às sucessivas encarnações de um Espírito, através de sua jornada evolutiva , dá-se o nome de reencarnação. O termo desencarnação tem sido utilizado para designar a saída definitiva do Espírito do corpo, ou morte física ou biológica. A palavra encarne o mesmo que encarnação. O termo em alusão também é muito usado no de desencarnação.

Como foi dito no início desta matéria para existir a encarnação é necessária à existência de espíritos e a causa principal da dúvida sobre a exigência dos espíritos é a ignorância da sua verdadeira natureza. Imaginam-se os Espíritos como seres à parte na criação, sem nenhuma prova de sua necessidade.

Muitas pessoas só conhecem os espíritos através de estórias fantasiosas que ouviram em criança, mais ou menos como as que conhecem a História pelos romances. Não procuram saber se essas estórias, desprovidas do pitoresco, podem revelar um fundo verdadeiro, ao lado do absurdo que as choca. Não se dão ao trabalho de quebrar a casca da noz para descobrir a amêndoa. Assim, rejeitam toda a estória, como fazem os religiosos que, chocados por alguns abusos, afastam-se da religião.

Seja qual for à idéia que se faça dos espíritos , a crença na sua existência decorre necessariamente do fato de haver um principio inteligente no Universo, além da matéria.

Uma palavra usada aqui de nome erraticidade, se faz necessário que se dê à sinonímia dela: Estado dos Espíritos errantes, ou erráticos, isto é, não encarnados, durante o intervalo de suas existências corpóreas.

Erraticidade do francês: (erraticité), estado dos espíritos errantes ou erráticos como está acima exposto, isto é, não encarnados, que vivem durante o intervalo de suas existências corpóreas. Kardec escreveu o seguinte sobre erraticidade: “Estado dos Espíritos errantes, isto é, não encarnados durante os intervalos de suas existências corporais. A erraticidade não é um sinal absoluto de inferioridade para os espíritos> Há espíritos errantes de todas as classes, salvo os da primeira Ordem ou Espíritos Puros ou Puros Espíritos, que não mais que encarnar para aproximar-se, não podem ser considerados errantes.

Exemplo de um Espírito Puro: Jesus Cristo. Os Espíritos errantes são felizes ou infelizes segundo o grau de sua purificação. É nesse estado que o Espírito, sem o véu material do corpo que vestia, percebe suas existências anteriores e os erros que o afastam da perfeição e da felicidade infinita. É, então que escolhe novas provas , a fim de progredir mais rápido”. Sendo a Doutrina Espírita uma Ciência, uma filosofia e uma Religião quem quiser se aprofundar mais nos seus ensinamentos, terá que ler e aprender o que está implícito nas Obras Básicas. Não basta ler e aprender também é preciso compreender.

Pelo exposto, dá perfeitamente para entender o que seja encarnação, suas nuances e sua importância para toda a humanidade.

Enquanto a Terra sofre, Luta e não descansa e o Homem atribulado se exaspera, guardamos-te a presença e a vida na lembrança, Cantando o Teu Natal, perante a Nova Era. A Tua proteção que se foi e no tempo que avança, Cada hora contigo é nova primavera, em florações de fé e lauréis de esperança...”Glória a deus nas Alturas!...” Canto inesquecível!...És Tu, Mestre do Bem, que te abaixas de nível, Trazendo paz no amor aos tutelados Teus!... Natal!...Embora a dor e os prenúncios de guerra, Nós te amamos, Jesus, sobre as armas da terra, Procurando contigo a integração com Deus!...(Maria Dolores).

Resolvi inserir esta mensagem psicografada aproveitando a época Natalina que também ressalta e esclarece a encarnação de um Espírito Puro no Orbe Terrestre, este mundo de provas e expiações, pois além destas provas e expiações fomos criados “simples e ignorantes”, estamos aqui em busca da evolução através das encarnações ou reencarnações sucessivas.

Reencarnação tema muito discutido por outros irmãos de crenças, que não a aceitam e sim a ressurreição. A definição vem dirimir de uma vez todas as dúvidas existentes. É à volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo.

A ressurreição como frisa os que defendem se dá no mesmo corpo carnal, imaginem que já desencarnou a mais de 3000 anos, já virou pó, e esta afirmativa vem fortalecer o que disse o Pai maior: “Tu vieste de pó e ao pó tu voltarás”, e Jó uma figura bíblica afirma: “Nu nasci e nu voltarei”, Nicodemos disse a Jesus, mas Mestre como pode um velho como eu, entrar novamente no útero de minha mãe, sobre a assertiva de Cristo.

A doutrina da reencarnação, isto é, a que consiste em admitir para o espírito muitas existências sucessivas; é a única que corresponde a idéia que formamos da justiça de deus para com os homens que se acham em condição moral inferior ; a única que pode explicar o futuro e firmar as nossas esperanças, pois que nos oferece os meios de resgatarmos os nossos erros por novas provações. A razão no-la indica e os espíritos a ensinam.

A maioria das religiões admite a reencarnação desde os primórdios dos tempos, e no ano de 526 depois de Cristo no concílio de Nicéia em Constantinopla mudar para ressurreição através de uma votação fraudulenta, já que existem quatro pessoas para exercer o voto e no final o resultado foi três a dois, voto misterioso que a religião católica consegui por obra e graça do “Espírito Santo”.

A reencarnação é a esperança de todas as mães, cujos filhos se transviaram no mundo. Amiga de todos os que aspiram a elevar-se espiritualmente . Mestra dos que erram, por permitir-lhes que retornem, como criancinhas, aos mesmos lares que um dia atormentaram e destruíram.

Um grande cientista de renome internacional afirma: Que não é religioso e que sua família é, mas foi através da física quântica que descobriu que Deus existe e a reencarnação também. Um cientista americano Yan Stevenson, há mais de trinta anos se dedica ao estudo da reencarnação, e já confirmou cientificamente mais de três mil casos. O Doutor Bryan Weiss através de uma sessão de Telepatia com a senhorita Bernadete, confirmou que a reencarnação existe, pois passava ele por momentos dificies, e esta moça sem o conhecê-lo, em estado de transe, contou todo o acontecido com ele, à perda de um filho menor de quatro anos de idade, que tinha vindo a terra apenas para completar sua destinação.

Outros fatos merecem destaques, mas irei ficar por cá, já que não quero entrar em detalhes mais íntimos, para não ofender ninguém, visto que a missão do Espírito é outra: “Fora da Caridade não há salvação”.

(ANTONIO PAIVA RODRIGUES - OFICIAL SUPERIOR DA POLÍCIA MILITAR - GESTOR DE EMPRESAS - ESTUDANTE DE JORNALISMO DA FGF - BACHAREL EM SEGURANÇA PÚBLICA).
Fonte:http://www.espirito.org.br/portal/artigos/apaiva/a-encarnacao-e-a-reencarnacao.html

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O médium e o sexo


Aluney Elferr Albuquerque Silva

A Epífise

Para se falar em relação sexual e energia procriadora, faz-se necessário mencionar algumas das informações trazidas até nós pelo Espírito ANDRÉ LUIZ, sobre as funções da Epífise.
Ela reativa as forças criadoras no ser humano aos 14 anos aproximadamente. Permanece no período do desenvolvimento infantil em fase de reajustamento, absorvendo novos ensinamentos e reflexos que são ministrados nesta fase da vida, que farão frente ou somar-se-ão às colheitas das vidas passada, que ressurgirão, de acordo com a vontade, sob fortes impulsos.
Por este motivo é denominada a glândula da vida Espiritual.
A Epífise funciona como um usina, fonte geradora de elementos psíquicos ou "UNIDADES FORÇA" necessárias a fecundação das diversas formas da criação. Podendo ser direcionada para fecundação dos mais nobres valores da divindade ou utilizada para a orgia dos prazeres das criaturas terrestres.

Sexo e amor

Em nosso meio ainda existem vários resquícios de tabu, no que concerne as conversações sobre o sexo, todavia sendo uma das atribuições inerentes da vida, o espírita estudioso não pode deixar de estudá-lo e também analisá-lo sob forma natural para que seja bem compreendido e orientado, os tempos onde essa manifestação de afeto e amor, no que diz respeito ao sexo verdadeiro, era “pecaminosa”, já passaram e seguramente não deverão mais voltar, pois a maior idade espiritual das mentes aqui reencarnadas já se faz presente. Tão vulgarmente pronunciadas por mentes insanas, nos meios atuais.

O sexo não é patrimônio exclusivo da humanidade terrestre, é tesouro Divino em todos os mundos no Universo infinito. Permanece nas mãos das criaturas humanas, que ainda estão distantes da compreensão e vivência das Leis Divinas, num quadro triste de ignorância, perversão e desequilíbrio.

O sexo na existência humana pode ser um dos instrumentos do amor, sem que o amor seja sexo.

O instinto sexual é força poderosa de atração, unindo os corpos físicos, reencontrando as almas, para resgates de débitos, dirigindo os homens para conquistas e objetivos da Lei Suprema: O AMOR, A FELICIDADE E A HARMONIA. Mesmo com a pobreza de valores íntimos, caminha o homem, embora lentamente, para o objetivo maior do Criador que é o progresso e a perfeição. Não podemos confundir sexo e amor, pois, enquanto o sexo é força instintiva ou inconsciente, o amor é energia consciente e espontânea, todavia sexo sem amor é pobre e pequeno, quando não promiscuo.

O homem em experiências afetivas, costuma confundir energia instintiva sexual como sendo "AMOR", que tem promovido quase todas as uniões de homens e mulheres na terra.

Observamos, constantemente, muitos lares desabados, porque só tinha energia instintiva sexual e nenhum "AMOR". O amor na terra é ainda uma aspiração da eternidade, encravada no egoísmo, nos interesses, na ilusão e na fome de prazeres que fantasiamos como sendo a Celeste Virtude.

Desejo e sentimento de posse não significa "AMOR".

Faz-se necessário para um bom relacionamento, buscarmos o que nos ensina O EVANGELHO DE JESUS CRISTO, que "Devemos amar sem nos preocupar em sermos amados".

Para alcançarmos o amor sublime, devemos cultivar a semente da humildade, da bondade, da paciência, do perdão, da tolerância, da indulgência, da ternura, da delicadeza, da renúncia e do entendimento.

Sem os tesouros da fé sincera, essas plantas Divinas não germinarão no canteiro do coração.

Antes do tempo, sucumbirão, alastrando a desarmonia, a delinqüência e os crimes, isto sem falarmos na ampliação dos débitos e no adiamento dos resgates anteriores para reencarnações futuras, quase sempre acrescidas de dores e sofrimentos para o nosso bem.

O médium atento deve se preocupar com essas questões e acima de tudo tratá-las com naturalidade, pois sendo o sexo um mecanismo de evolução, seu abuso poderá contribuir para sua decadência moral.

Ainda se questiona sobre o sexo e prática mediúnica, poderá o médium praticá-la em dias de atividades ou não? – É possível conciliar as duas coisas? – Receberei mensagens espirituais, se praticar o sexo no dia da atividade? – E aquelas pessoas que trabalham em práticas mediúnicas todos os dias na casa espírita e também são casadas, como ficam?

Bem em todas as questões acima, deveremos tratar com bastante simplicidade e autenticidade, pois, sendo o sexo algo natural e que faz parte de nossa escala evolutiva, saber sublimá-lo, o médium nessas questões ao nosso ver poderá praticar sem problemas o sexo regrado com AMOR, com seu ou sua cônjuge sem que isso prejudique a prática mediúnica, pois o sexo conforme nos sabemos é uma troca de energias entre seres que o praticam com respeito e AMOR, como isso poderá fazer mal a algum médium.

Mas, muito se fala de fadiga energética do médium quando pratica tal ato. A lógica nos mostra que quando existe troca de energias, não existe fadiga, falamos aqui da troca calorosa e sincera de energias, isso não se deve entender por sexo desvairado com parceiros estranhos a cada momento como se fosse sexo regrado e sincero. É necessário também expor que mesmo que seja uma só parceira, se a prática for constante e desvairado ai sim, haverá fadiga. Compreendemos que seja uma prática natural e tudo o que extrapola o natural e passa a ser exagerado, tem muito a prejudicar.

Cabe-nos formular aqui uma pergunta a respeito da prática mediúnica. Se o médium está com muita vontade de ter relações afeto-sexual com sua cônjuge ou vice-versa, e não pratica, todavia fica com isso na cabeça o tempo todo, não atrapalharia ainda mais a prática de sua tarefa? - Achamos que sim, pois o pior de tudo é manter o sexo na cabeça, a tarefa mediúnica exige concentração do médium, por isso os pensamentos baixos seguramente obstam uma boa e salutar concentração.

Mas, e o chakra genésico não ficaria “manchado”, como comumente se diz e isso não atrapalha a prática mediúnica. – É como dissemos acima; se existe troca de energias regradamente falando e com o sentimento maior inserido na prática, seguramente não fará mal ao médium sua prática em dias de trabalho na casa espírita, mas lembremos da sensatez.

Sexo - Excessos e abusos

O sexo tem sido tão aviltado pela maioria dos homens reencarnados na crosta, que o que observamos na atualidade é a inversão dos valores Sublimes da Criação Divina, transformado em rolo compressor para os interesses da indústria do sexo desvairado.

É no momento a utilidade mais divulgada e a mais procurada em nossos dias. O interesse é despertar tanto no homem como na mulher a sensualidade, não se importando com os danos que isto certamente vai causar.

O que interessa são os lucros a se arrecadar, ao invés de cultivarmos os valores morais sublimes que ainda não conseguimos enxergar.
A relação sexual entre a maioria dos homens e mulheres terrestres, se aproxima demasiadamente das manifestações dessa natureza entre os irracionais, sem nenhuma obediência às Leis Divinas.
Neste plano de baixas vibrações onde predomina ainda a semi brutalidade, muitas inteligências admiráveis preferem demorar em baixas correntes evolutivas.
A união sexual entre criaturas que já atingiram grandes elevações é muito diferente, traduz a permuta sublime de energias perispirituais, simbolizando o alimento Divino para a inteligência e para o coração e, força criadora não somente de filhos carnais, mas também de obras e realizações generosas da alma para a vida eterna. A procriação é um serviço que pode ser realizado por aquele que ama, sem ser o objetivo exclusivo das uniões.
É lamentável que o homem tenha menos prezado tanto as faculdades criadoras do sexo, desviando-as para os vértices de prazeres infinitos, no desejo incontido de auto satisfazer-se até a prostração das próprias forças, porém todos pagarão pelas faltas que cometerem a esse setor como também para qualquer outro setor da vida.

Todo ato criador está repleto de sagrados valores da Divindade e são estes valores tão abençoados que por interesse de mentes enfermiças, conduzem impreterivelmente para o abuso e orgias de prazeres.

Assim, homens e mulheres raciocinando numa atmosfera mental caótica, permitem aos obsessores do invisível colocar em prática seus interesses na desintegração familiar e social, bem como, retardar o progresso Espiritual, mantendo a grande maioria das criaturas, que se afinam com seus ideais, sobre controle e, com isto, preservam os meios para saciar os seus desejos que não foram corrigidos enquanto encarnado.

Como ninguém foge aos imperativos da Lei de Deus, esses seres, que causaram desvario sexual, resgatarão em reencarnações futuras à duras penas, podendo ser portadores de doenças eminentemente cármicas, a epilepsia, a lepra, a paranóia, a hidrocefalia, o mongolismo e outras moléstias, como também ter como obsessores vários dos que foram prejudicados em caminhadas anteriores.

O médium deverá ter bastante cautela com essa temática, para verdadeiramente colaborar ainda mais com sua conduta mediúnica. Haja vista, já ser ele um necessitado que reencarna agora com propósitos nobres de evolução e restabelecimento da harmonia desarticulada no ontem. O sexo, verdadeiramente é, ainda uma dificuldade da humanidade terrena hodierna, visto a ascensão espiritual já alcançada dos que aqui vivem, ainda encontramos os instintos mais densificados em alguns operando com profundidade.

Porém deve o médium tratar com bastante normalidade e ter sempre em mente sua tarefa na conduta de sua felicidade, não queremos dizer que deverá abster-se totalmente da prática sexual com sua cônjuge, efetivamente não, porém com respeito e moderação para que não caia na prática exagerada e desvirtuada.

O sexo não é um “bicho de sete cabeças”, que deve ser tratado pelo médium como sendo um assunto intocável, mas sim assunto do cotidiano que deverá ser tratado com respeito, como vários outros órgãos do corpo, que colaboram com a manutenção e suporte da vida material do espírito reencarnado.

Homossexualismo

Levando tal comportamento para além das bases materialistas da grande massa heterossexual existente sobre a terra e seus preconceitos moralistas em bases hipócritas, à luz da reencarnação é perfeitamente compreensível.

Com o desenvolvimento da humanidade cresce a quantidade de irmãos, homens e mulheres, somando extensas comunidades em todos os países, clamando por respeito, atenção e igualdade como criaturas humanas.

O Espírito em suas várias encarnações através dos tempos e, confirmando que todos são iguais perante Deus, poderá usar a vesti carnal que se fizer necessária, ora masculina ora feminina, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade mais ou menos pronunciada em quase todas as criaturas. Desta forma, a individualidade em trânsito da experiência feminina para a masculina, demonstrará fatalmente traços do sexo que estagiou por muitos séculos. Claramente compreensível que o Espírito, atendendo aos impositivos regenerativos, poderá reencarnar com um corpo diferente do que não correspondeu perante as aspirações divinas. O homem que abusou das faculdades genésicas arruinando a existência de outras pessoas, com a destruição de uniões construtivas, é forçado a buscar nova posição no renascimento físico, em corpo morfologicamente oposto, aprendendo em regime de prisão, à reajustar os próprios sentidos.

Poderá também Espíritos cultos e sensíveis, séqüitos de realizar tarefas específicas para a elevação de grupos humanos e conseqüentemente elevar-se também, rogar dos Bem Feitores da vida maior que os assistem à utilização de vestimenta corpórea oposta à estrutura psicológica pela qual transitoriamente se definem, protegendo-se desta forma dos arrastamentos irreversíveis no mundo afetivo e terem maiores êxitos nos objetivos almejados.

Observando as tendências homossexuais dos companheiros que estão a caminho no campo de provas e expiações é forçoso que lhes dê o amparo educativo e muito amor, direcionando suas energias sexuais para o campo da criatividade, artes e etc...

Discriminar irmãos nessas condições na casa espírita é verdadeiramente errado, analisemos, pois, da mesma forma um homem (heterossexual) que desregra efusivamente do sexo, terá mais dificuldades na prática de trabalhos na casa espírita do que aquele que tem sua psicologia “invertida” no campo sexual e é regrado, não se vinculando aos prazeres imediatistas. Caba a ele buscar direcionar bem suas energias no trabalho caritativo e seguramente estará cumprindo bem o seu papel, ainda que com dificuldades no campo mental versus morfologia corporal.

O espírita e a questão sexual

Os homens fizeram do sexo um motivo de escândalo. Tornaram o sexo uma coisa impura e repelente. Mas o sexo é uma manifestação do poder criador, das forças produtivas da Natureza. O espírita não pode encarar a questão sexual como assunto proibido. O sexo é a própria dialética da Criação e existe em todos os Reinos da Natureza.

O paganismo chegou a fazer do sexo motivo de adoração. Os povos primitivos revelam grande respeito e assumem atitude religiosa diante do sexo. Mas para esses povos, ainda bem próximos da Natureza, o sexo não está sujeito aos desregramentos, aos abusos e ao aviltamento do mundo civilizado. O cristianismo condenou o sexo e fez dele a fonte de toda a perdição. Mas o Espiritismo reconsidera a questão, colocando-se um meio-termo entre os exageros pagãos e cristãos. O espírita sabe que o sexo é um grande campo de experiências para o espírito em evolução, e que é através dele que a lei de reencarnação se processa, na vida terrena. Como, pois, considerá-lo impuro e repelente?

Em O Livro dos Espíritos, Kardec comenta: “Os Espíritos se encarnam homens ou mulheres, porque não têm sexo. Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhe oferece provas e deveres especiais, e novas ocasiões de adquirir experiências”. Como vemos, o sexo é considerado pelo Espiritismo no seu justo lugar, como um meio de evolução espiritual. O espírita, por isso mesmo, não pode continuar a encarar o sexo como o faz o comum dos homens. Não pode abusar do sexo, nem desprezá-lo. Deve antes considerar o seu valor e a sua importância no processo da evolução.

Ainda existe, no meio espírita, muita prevenção contra os assuntos sexuais. Mas é necessário que essa prevenção seja afastada, através de uma compreensão mais precisa do problema. Não há motivo para fazer-se do sexo um assunto-tabu, mas também não se deve exagerar nesse terreno, pois muitas criaturas se escandalizariam. Devemos lembrar-nos de que, por milhares de anos, através de gerações e gerações sucessivas, o sexo foi considerado, na civilização cristã em que nascemos e vivemos, um campo de depravação, de perdição das criaturas. A simples palavra sexo provoca em muita gente uma situação de ambivalência: interesse oculto e repulsa instintiva. Por isso mesmo, a educação sexual deve ser encarada seriamente nos meios espíritas e não pode ser deixada à margem da pedagogia espírita.

A maior dificuldade para a questão sexual está no lar, na vida familiar. Os pais espíritas não sabem, em geral, como preparar os seus filhos para a chamada "revelação do sexo". O regime do silêncio continua a imperar em nossos lares, criando maiores dificuldades para a solução do problema. A simples proibição do assunto gera um clima de mistério em torno da questão sexual, aumentando os motivos de desequilíbrio para os adolescentes. Os pais, por sua vez, sofrem também de inibições decorrentes de um sistema errado de educação, a que estiveram sujeitos.

Na família, a atitude mais acertada é a de não se responder com mentiras doiradas às indagações das crianças sobre questões sexuais. Mas não se deve, também, responder de maneira crua. Seria uma imprudência querermos sair de um sistema de tabus para uma situação de franqueza rude. Há muitas maneiras de fazer a criança sentir que o problema sexual não é mais importante nem menos importante que os demais. Cada mãe ou pai tem de descobrir a maneira mais conveniente ao seu meio familiar. A regra mais certa é a resposta verdadeira, de maneira indireta. Se a criança perguntar: "Como a gente nasce?", deve-se responder, por exemplo: "Da mesma maneira que os gatinhos". Começando assim, a pouco e pouco os próprios pais vão descobrindo a técnica de vencer as dificuldades, sem embair os filhos com lendas e mentiras que criaram um ambiente de excitação perigosa.

Nas escolas espíritas, o problema deve ser colocado com o mesmo cuidado, pois a situação é ainda mais melindrosa: as crianças de uma classe pertencem a diversas famílias, com diferentes costumes. É perigosa a chamada "atitude científica", geralmente seguida, nos ginásios, pelos professores de ciências. A frieza científica não leva em consideração as sutilezas psicológicas. O ideal é que o assunto seja discutido previamente em reuniões pedagógicas, entre os professores de ciências, de psicologia, de moral, e o orientador pedagógico. Na verdade, o problema é mais de pedagogia do que de ciências. O bom pedagogo saberá conduzi-lo com o tato necessário, sem produzir choques perigosos e sem permitir que o assunto caia novamente no plano do mistério.

Quanto aos jovens, devem promover cursos e seminários a respeito, sempre com a assistência de um professor experimentado, de moral ilibada e reconhecido bom-senso. Os jovens têm grande necessidade de boa orientação sexual, pois estão na fase de maior manifestações dessas exigências, e, se não forem bem orientados, poderão cair em lamentáveis complicações. O jovem espírita, embora esclarecido pela doutrina, não está menos sujeito a desequilíbrios sexuais. Sabemos que esses desequilíbrios têm duas fontes principais: os abusos e vícios do passado, em encarnações desregradas, e as influências de entidades perigosas, muitas vezes ligadas aos jovens pelo passado delituoso. Por isso mesmo, o problema só pode ser tratado de maneira elevada, com grande senso de responsabilidade. Os médicos espíritas podem ser grandes auxiliares das Mocidades Espíritas nesse setor.

Quanto aos espíritas adultos, não estão menos livres do que os jovens. São vítimas de uma educação defeituosa, de um ambiente moral dominado pela hipocrisia em matéria sexual, e trazem às vezes agravadas por esse ambiente as heranças do passado. Precisam acostumar-se, no meio espírita, a encarar o problema sexual de maneira séria, evitando as atitudes negativas, que dão entrada às influências perigosas. Encarando o sexo sem malícia, como uma função natural e uma necessidade vital, o espírita ao mesmo tempo se corrige e modifica o ambiente em que vive, afastando do mesmo os espíritos viciosos e maliciosos, que não mais encontram pasto para os seus abusos. O melhor meio de afugentar esses espíritos, e de encaminhá-los também a uma reforma íntima, é a criação de uma atitude pessoal de respeito pelos problemas sexuais e o cultivo de um ambiente de compreensão elevada no lar.

Essa mesma atitude deve ser levada para os ambientes de trabalho, por mais contaminados que eles se apresentem. O espírita não deve fugir espavorido diante das conversas impróprias, pois com isso demonstraria incompreensão do problema e provocaria maior interesse dos outros em perturbá-los. Mas não deve, também, estimular essas conversas, com sua participação ativa. Sua atitude deve ser de completa naturalidade, de quem conhece o problema e não se espanta com as conversas de mau gosto, mas também de quem não acha motivos para alimentar essas conversas e delas participar. Sempre que possível, e com senso de oportunidade, ele deve procurar mudar os rumos da conversa, para assuntos mais aproveitáveis, ou mesmo para os aspectos sérios do problema sério sexual.

A mente viciosa se compraz nas conversas deletérias, nas imagens grotescas, nas expressões desrespeitosas. Escandalizar-se diante dessas coisas, ou repeli-las com violência, é sempre prejudicial e anticaridoso, pois essas pessoas são as que mais necessitam de amparo e orientação. O mais certo é procurar um meio de ajudá-las a se libertarem dessa viciação. E o meio mais eficaz é orientar a conversação viciosa para aspectos graves, como as conseqüências dos vícios, as situações dolorosas em que se encontram pessoas conhecidas, e a conveniência de tratar-se o sexo com o respeito devido às forças criadoras da Natureza.

Nos casos dolorosos de inversão sexual, o espírita vê-se geralmente em dificuldade. O mais certo é apelar para o conhecimentos doutrinários e para o poder da prece. Ajudar o irmão desequilibrado a lutar corajosamente para a sua própria recuperação, procurando corrigir a mente viciosa e manter-se o mais possível em atitude de quem espera e confia na ajuda dos Espíritos Superiores. Trabalhos mediúnicos podem favorecer grandemente esses casos, quando realizados com médiuns sérios, conscientes de sua responsabilidade e de reta moral. Não se dispondo de elementos assim, de absoluta confiança, é melhor abster-se desses trabalhos, insistindo na educação progressiva do irmão infeliz, através de preces, leituras e estudos, conversações construtivas e passes espirituais, aplicados de maneira metódica, em dias e horas certas. Se o irmão enfermo colaborar, com sua boa vontade, os resultados positivos logo se farão sentir. Porque ninguém está condenado ao vício e ao desequilíbrio, a não ser pela sua própria vontade ou falta de vontade para reagir.
Nosso destino está vinculado à maneira por que encaramos o sexo. Bastaria isso para nos mostrar a importância do problema. Inútil querermos fugir a ele. O necessário é modificarmos profundamente as velhas e viciosas atitudes que trazemos do passado e que encontramos de novo na sociedade terrena, ainda pesadamente esmagada pelas suas próprias imperfeições. Encaremos o sexo como uma manifestação do poder criador, tratando-o com o devido respeito, e mudaremos a nós mesmos, os outros e a sociedade em que vivemos. O espírita deve ser o elemento sempre apto a promover essa mudança, e nunca um acomodado às situações viciosas que dominam as criaturas e as escravizam, por toda parte, na terra e no espaço.

Em conclusão:

O problema sexual deve ser encarado pelo espírita com naturalidade, em face da naturalidade da função criadora; o sexo deve ser considerado como fonte de força, vida e equilíbrio, devendo por isso mesmo ser respeitado e não aviltado; entre o desregramento do pagão e o preconceito do cristão dogmático, o espírita deve manter-se no equilíbrio da compreensão exata do valor do sexo; as fontes da vida não podem ser desrespeitadas e afrontadas pela malícia e a impureza dos homens.

Lembramos ainda, que a mente é um corcel que por vezes segue desenfreado existência a fora e que muitas vezes é o motivo de maior “poluição” de nossa trajetória evolutiva. Praticar o sexo afinado e sincero com o esposo ou a esposa referencia uma troca salutar e necessária de fluidos energéticos de parceiro a parceiro e de forma nenhuma atrapalha atividade alguma em termos de desempenho do trabalhador, mas cristalizar o sexo na cabeça, isso sim seguramente atrapalha.

Tratemos em nossas casas, cada caso sendo efetivamente um caso a se estudar para podermos de uma melhor maneira orientar e não desferir idéias pré-concebidas e por vezes descabidas para confessar muitas das vezes um puritanismo de nossa parte inútil, tratemos com lucidez para podermos colaborar melhor, destruindo assim, o “medo”, “tabu”, que existe sobre o sexo em nosso meio.

200. Têm sexos os Espíritos

“Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização. Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos.”

201. Em nossa existência, pode o Espírito que animou o corpo de um homem
animar o de uma mulher e vice-versa?

“Decerto; são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as mulheres.”

O Livro dos Espíritos - Sexo nos Espíritos