Sérgio e Carlos Alberto Iglesia Bernardo
Diante do comentário do David, fica-nos claro que a Internet pode ter um papel muito importante na divulgação do Espiritismo. E relembrando a frase de Emmanuel: "A maior caridade que podemos fazer pelo Espiritismo é divulgá-lo". Sentimos que quando uma instituição espírita, um espírita ou mesmo um simpatizante toma a decisão de criar uma pagina sobre espiritismo, uma lista de discussão, um lista de distribuição, um 'chat' etc., esta decisão é divulgação e portanto caridade.
A questão levantada pelo Jacques (boletim 276) a respeito da frieza de um computador é pertinente, pois passado o entusiasmo inicial de quando nos ligamos a internet, logo caímos no 'mesmismo' ou seja na rotina e podemos passar a ver o material sobre Espiritismo encontrado na Net como repetitivo e sem novidades. Sobre este assunto recomendamos vivamente a leitura do texto "O espelho dos espíritas" de Luiz Signates e a entrevista com o autor, ambos publicados no boletim no. 278.
Mas a rotina não parece ser o principal problema, mas sim a falta de contato pessoal entre as pessoas que utilizam a internet e reúnem-se em torno de um determinado assunto (no caso o Espiritismo). Esta falta de contato (o chamado calor humano) leva-nos a pensar que o computador é um meio frio, ou seja, sem reações. O que não necessariamente é verdade, porque o computador é somente um meio do qual os homens se servem, e portanto cabe aos homens a tarefa de "bem utilizar, humanizar" o meio. Fazendo uma analogia (e respeitada as devidas proporções):
a. Um computador pode ser visto como um médium: recebemos mensagens através dele, sem que vejamos quem enviou a mensagem.
b. Como 'médium' tem um grau de interferência infinitamente menor que o médium humano, transmitindo assim mais fielmente as mensagens.
c. é necessário analisar as 'mensagens' que recebemos, pois se queremos conhecer a pessoa que nos escreve, necessitamos analisar o seu conteúdo (tal como Kardec fez),
d. é claro que através do computador não e possível receber um abraço amigo ou mesmo um afago, mas podemos receber uma palavra amiga, que alias já recebemos tantas vezes pelo telefone.
e. A tecnologia informática tem evoluído muito, e em breve já deveremos ter comunicações audiovisuais através do computador, o que sem duvida vai aproximar mais ainda as pessoas.
O atual momento "tecnológico" proporciona os itens a, b e c, temos duvidas de que o item d será um dia atingido, pelo menos considerando o conceito atual de "calor humano", e pensamos que o item e vai mudar muita coisa em torno da divulgação espírita na Internet.
O Espiritismo na internet tem acompanhado as fases que a própria Internet vive. Como tecnologia nova as suas potencialidades e os seus objetivos são ainda desconhecidos. Porem sentimos intuitivamente que ela vai crescer cada dia mais. Alguns continuam a pensar: a internet é ainda para elites. Sim, isto e verdade no atual momento, mas será no futuro? Cremos que não. No futuro ter internet em casa será tão comum com ter uma TV, um radio ou mesmo um telefone.
O desconhecimento das potencialidades em torno da internet tem levado a grande maioria das pessoas que querem disponibilizar material na internet a comportarem-se da seguinte forma:
1o. Disponibilizar o material,
2o. Somente depois refletir o porque disponibilizar e qual a melhor forma de fazê-lo.
O divulgação espírita na internet (com exceções), tem-se comportado de uma maneira semelhante. Mas com o amadurecimento da internet esta divulgação espírita vai amadurecer também, questionando a finalidade das informações disponíveis.
O movimento espírita (na internet e fora dela) tem discutido a questão da divulgação espírita na internet. A discussão esta centrada em dois pontos:
1 - deve o Espiritismo estar na internet? (em particular: deve o meu centro colocar uma pagina WWW na internet, ou ter um e-mail?)
2 - quem deve fazer a divulgação do Espiritismo na Internet? Centros, federações, espíritas ou simpatizantes?
Respondendo a questão 1, se a internet é um imenso meio para divulgação, divulgar o espiritismo neste meio e caridade (tal como nos diz Emmanuel). Fazendo uma analogia na qual consideramos a internet como uma imensa biblioteca, alias a grande biblioteca do conhecimento humano, será que os livros espíritas não fazem parte do conhecimento humano e portanto devem ficar fora da biblioteca?
Respondendo a questão 2, pensamos que todos tem o direito a divulgar o Espiritismo na internet, pois duas razoes: (1) o Espiritismo e uma doutrina que nos ensina a tolerância e portanto não impõe estatutos humanos a sua divulgação, (2) a Internet tem um caráter extremamente livre e não respeita (em principio) as barreiras que os homens criam: fronteiras, nacionalidades, credos etc, o que torna impossível "controlar" qualquer tipo de centralização.
Em suma, a divulgação na internet deve ser livre, porem aqueles que querem divulgar o espiritismo devem ter a consciência da responsabilidade, procurando sempre saber as finalidades da divulgação e as suas conseqüências, porque a Internet não é só livre, ela é abrangente. E tal como podemos ver pelo comentário do David, ela atinge proporções globais, colocando o Espiritismo face a face com outras realidades.
A internet pode rapidamente colocar em contato os movimentos espíritas da Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Espanha, EUA, Franca, Guatemala, Inglaterra, Itália, Japão, México, Portugal, entre outros, devemos então aproveitar este grande potencial.
O grande movimento espírita no mundo e sem duvida o brasileiro, tanto em tamanho quanto em atividade, porem o Espiritismo é universal e é chegada a hora de divulgá-lo ao mundo através da internet, não só em uma língua mas em diversas, não só a partir de um ponto do planeta, mas sim de todos os pontos possíveis. Cada um de nos, do conforto de nossos lares pode dar uma palavra amiga, disponibilizar as atividades do seu centro, integrar-se em grupo de estudo e de discussão, ouvir palestras edificantes e oxalá em breve conversar face a face através do computador com pessoas que precisam ser reconfortadas.
Diante disto unamos os nossos ideais numa só corrente, o ideal da união fraterna e universal dos homens para a melhoria do próprio homem.
Muita Paz,
Sergio, Portugal.
(Publicado no Boletim GEAE Número 280 de 17 de Fevereiro de 1998)
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