quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A visão espírita da pedofilia



Assunto delicado e grave. Vejamos alguns aspectos iniciais:

Como o espiritismo vê a questão  da pedofilia?
Como um grave desequilíbrio mental e espiritual, necessitando severo tratamento multidisciplinar, isto é envolvendo diversos profissionais além de tratamento espiritual complementar.

Qual a razão de existirem pedófilos? 
A mesma razão de existirem quaisquer outros desequilíbrios psíquicos. São atitudes doentias que se estruturaram ao longo de uma ou mais existências ou seja reencarnações. Ninguém foi criado pedófilo.

O que se passa nas suas mentes?
Cada um deles tem uma história. Não há como colocar todos em um mesmo rótulo. Mas poder-se-ia dizer que tem um impulso sexual doente e destituído de ética.

Quais os traumas que eles têm? 
Diversos, e variam conforme cada caso. Podem ter sofrido: violência infantil, abandono, desprezo, presenciado quando em tenra idade, sexo entre os pais, enfim outras distorções de educação ou de vivência. 

Como se explica tal comportamento?
A resposta é tão difícil como explicar qualquer outra grave alteração de comportamento. São espíritos que pelo seu atraso, imaturidade, ignorância e sobretudo pelo livre arbítrio desviaram-se da linha normal de conduta. 

E as vitimas, por que isso?
Em diversas oportunidades, quando fizemos palestra sobre reencarnação, fomos questionados posteriormente sobre a dolorosa e delicada circunstância da pedofilia. Principalmente, ao se propiciar perguntas nos serem dirigidas por escrito viabilizava-se este questionamento.

Embora o tema seja potencialmente polêmico e desagradável, não há como ignorá-lo no contexto de nossa situação planetária.

Nossa abordagem será pelo ângulo transcendental e reencarnacionista considerando que são dois espíritos, no mínimo, envolvidos na tragédia em questão. Cumpre-nos esclarecer que o livre arbítrio é o maior patrimônio que nós, espíritos humanos, temos alcançado ao atingirmos a faixa evolutiva pensante. Livre arbítrio que não legitima atitudes, mas oportuniza às criaturas decidir e se responsabilizar pelas consequências de seus atos posteriores.

Outra premissa que deveremos estabelecer é aquela da maior ou menor repercussão dos atos perante a Lei Universal, em função do nível de esclarecimento que possuímos. Importante também salientar que não há atos perversos que tenham sido planejados pela espiritualidade superior. Seria de uma miopia intelectual sem limites, a ideia de que alguém deve reencarnar a fim de ser violentado ou sofrer pedofilia. A concepção do Deus punitivo e vingativo já não cabe mais no dicionário dos esclarecidos sobre a vida espiritual. Deus é a fonte inesgotável de amor. É a Lei maior que a tudo preside, uma lei de amor que coordena as leis da natureza.

Então, como conceber a violência física? Como enquadrar a onipresença divina em situações e sofrimentos que observamos? Deus estaria ausente nestas circunstâncias? Ou estaria presente? Para muitos indivíduos se estivesse presente já seria motivo para não crer na sua existência ou na sua infinita bondade e onisciência.

Outra questão importante: Quem é a “vítima”? Analisemos. Cada um de nós ao reencarnar trouxe todo o seu passado impresso indelevelmente em si mesmo, são os núcleos energéticos que trazemos em nosso inconsciente construídos no passado.
Espíritos que somos e pelas inúmeras viagens que percorremos, representadas pelas inúmeras vidas, possuímos no nosso “passaporte” inúmeros “carimbos” das pousadas onde estagiamos em vidas anteriores. Hoje, a somatória dessas experiências se traduzem em manancial energético que irradia constantemente do nosso interior para a superfície desta vida.

Assim, é também a “vítima”. A criança, que hoje se apresenta de forma diferente, podem trazer de seu passado profunda marcas de atitudes prejudiciais a irmãos seus. Atitudes de desequilíbrio que são gravadas em si mesma. 
Algumas dessas, hoje crianças, participaram intelectualmente de verdadeiras emboscadas visando atingir de maneira dolorosa a intimidade sexual de criaturas; outras foram executoras diretas, pela autoridade que eram investidas, de crimes nesta área. Enfim, são múltiplas as situações geradoras da desarmonia energética que agora pulsa constantemente nos arquivos vibratórios da criança, nossa personagem neste drama.

Pela Lei Universal da sintonia de vibrações, poderá ocorrer, em um dado momento, uma surpresa desagradável. O espírito, criança agora, poderá atrair e sintonizar com o agressor, ou seja, o pedófilo, e ser agredida.

Identificados dois dos protagonistas (agressor e criança), temos também que considerar o frequente processo obsessivo que vinha se desenvolvendo. Uma outra entidade pode estar fixa perifericamente ou até profundamente à trama perispiritual de um ou dos dois envolvidos no processo.
Lembramos, novamente, não foi em hipótese alguma programada a violência ou o estupro, nem ele em qualquer circunstância teria justificativa. No entanto, o crime existindo, necessário compreender em uma visão mais ampla o que está acontecendo. A espiritualidade sempre fará o máximo para evitar o “mal” ou não sendo possível, apoiar aos que sofrem.

O espírito submetido à violência da pedofilia sofre intensamente no processo, conforme o seu grau de maturidade espiritual. Não houve a programação, mas a tendencia que trazia era forte e havia o risco  em passar por algo do gênero, que  a espiritualidade não conseguiu evitar.

A violência da pedofilia gera, muitas vezes, profundos traumas em todos os envolvidos, exacerbando a dolorosa situação kármica da constelação familiar. 
Há, também, espíritos afins e benfeitores que visam amparar os envolvidos nesta dor. Amigos do extrafísico cheios de ternura em seu coração, com projetos de dedicação e amparo, sempre se fazem presentes. O tempo se encarregará de cicatrizar os ferimentos da alma.

Artigo publicado na Revista Cristã de Espiritismo, edição 76.


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